Carlos Ribeiro
Confesso: sinto-me vaidoso. Vaidoso por pertencer a um clube que, mesmo em fases menos positivas, junta 25 mil pessoas num estádio. Vaidoso porque testemunho, ano após ano, na entrega dos emblemas de 25 e 50 anos, o verdadeiro significado de fidelidade. Senti-o quando recebi o meu ou o do meu pai. Senti-o de novo, ainda na segunda-feira, quando a minha mãe o recebeu. Cresci assim: vaidosamente vitoriano.
O Vitória envaidece-nos. A quem gosta, a quem ama. E não há mal nenhum que também envaideça quem tem a honra de o dirigir, até porque deve ser isso mesmo: uma honra, nunca um martírio.
Soou estranho ver o Vitória despedir-se de alguns jogadores com palavras e vídeos emotivos e, logo depois, ouvir o presidente acusar um balneário de ser "vaidoso". Quem eram os vaidosos? Todos? Alguns? Apenas um? Desde quando? Da época passada? Só nesta? Atirar para o ar tem o condão de manchar todos. Quem lidera tem sempre de medir o discurso, sobretudo o público. Até porque assumir erros, explicar alterações nos projetos só nos engrandece. Transferir responsabilidades para os outros só nos tira valor.
No último dérbi, e dentro das suas limitações, o Vitória respondeu e bem. Que as boas sensações se mantenham já no domingo, num jogo com características distintas, até porque muitas vezes os índices de concentração também o são.
103 anos. Parabéns, Vitória. Pelo menos no apoio, continuamos a mostrar que somos diferentes. E isso, caros vitorianos, também nos deve envaidecer, mas sem coartar a exigência, o sentido crítico e a ambição.