Manuel Boto

Manuel Boto
Manuel Boto

Ano Novo... vida nova?

Estamos em julho, época de todas as esperanças. Os plantéis dos grandes e dos não tão grandes vão-se reforçando (ou apetrechando), todos os treinadores sonham com os êxitos que se perspetivam, uns com o título, outros com a Europa, outros preocupados apenas em não descer. No fundo, os êxitos de cada um têm a condicionante das suas possibilidades financeiras.

Falemos do meu Benfica, a fazer um esforço absolutamente compreensível para assegurar o bicampeonato em 23/24. Por todas as razões de prestígio, mas sobretudo porque em 24/25 apenas 1 clube se qualifica diretamente para a Champions, ficando o 2º classificado a tentar qualificar-se. Os reforços até agora confirmados aparentam acrescentar valor, sendo Di Maria uma aposta pessoal, por sinal bem arriscada (e emotiva), do Presidente, dada a sua idade e algum histórico de lesões que o condicionaram na Juventus (época de 2022/23).

Esperemos que tudo dê certo, Rui Costa e Schmidt bem merecem a confiança dos Sócios dada a experiência da época passada. Se tivesse de fazer alguma sugestão, talvez contratar um ponta-de-lança, até porque depois da experiência da contratação de Enzo no último dia de janeiro, nada nos diz que a experiência não se repetirá com Ramos, lá para 31 de agosto. De resto, já se percebeu que a dupla Rui Costa/Schmidt sabe bem o que quer.

Preocupante mesmo, é realmente a saída de DSO (e, por arrastamento, de Gabriela Rodrigues Martins). Uma dupla de indiscutível valia profissional, claramente dois ativos na gestão da SAD. Como escrevi por várias vezes, o problema não é as pessoas competentes saírem, desde que os que entram para os seus lugares sejam identicamente competentes. Aqui, é que fico preocupado, principalmente porque, para ambas as funções, os futuros responsáveis já deveriam ser conhecidos e, sobretudo, estar no terreno. Mas, sobre isso, sabemos ZERO.

Depois da certeza de que a SAD perde 2 ativos na estrutura de gestão, qualquer empresa cotada ddesde há muito que tinha uma solução B na manga. Soluções preferencialmente na casa dos 40-50, uma com experiência internacional em cargos de gestão e a outra com profundos conhecimentos de legislação nacional e internacional e de Governança. Se existir a convicção de que essas soluções já existem no Benfica, sinceramente gostaria de as conhecer para as poder comentar, até porque do que conheço dos atuais dirigentes, dificilmente se pode dizer que algum tem o perfil e experiência similar de carreira para ser opção. Por outras palavras: se tivesse sido contratado um "Head Hunter" para substituir qualquer destas posições, duvido que algum dos atuais dirigentes tivesse suficiente CV para se candidatar.

Aguardemos, porque tão importante como ter bons jogadores é ter melhores dirigentes. Dá muito trabalho ter sorte e no futebol a bola também entra mais vezes se a estrutura for forte e com competência para dirigir uma marca com o prestígio do Benfica. Esperemos que Rui Costa não decida com o coração (tal como fez com Di Maria) porque, nestes lugares, o amiguismo tem de ser sempre o último critério.

Por último, há muito que se discutem internamente as relações entre o Clube e a SAD. Nos últimos anos, a SAD, apesar de subsidiária do Clube, tem-se mantido isolada do Clube e é gerida autonomamente, com alto profissionalismo e, também dizem, porventura com alguma razão, com altos gastos, sem se fazer uma gestão criteriosa de recursos. Mas o futebol é assim e tem de ser assim. Um castelo inexpugnável porque quando existir uma intervenção do Clube na SAD, os secretismos dos negócios serão muito difíceis de serem mantidos. Isto jamais significa que os gestores da SAD não tenham de responder aos dirigentes do Clube. Claro que têm, mas para isso estes têm de definir os objetivos, aprovar orçamentos que devem ser objeto de explicações exaustivas por parte daqueles e depois devem ser prestadas Contas, preferencialmente de forma mensal, sem alaridos ou tudo chegará à imprensa e a devassa ficará consumada.

Veremos os próximos tempos, num tempo em que o tempo escasseia. A urgência das vitórias no futebol exige uma estrutura clara e uma retaguarda segura. Costuma dizer-se que em equipa que ganha, não se mexe. Nós estamos a mexer e a remexer sem se perceber qual o futuro modelo de ligação entre o Clube e a SAD, sem termos a certeza de que os quadros de retaguarda serão suficientemente competentes para dirigirem o Universo Benfica, sobejam demasiadas dúvidas na retaguarda do futebol, em que este, atualmente, nos dá muito maior confiança.

Sócio 2794

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