Ricardo Costa
Para onde caminha o futebol português? É a pergunta que muitos se fazem, mas poucos têm coragem de responder. Multiplicam-se as polémicas, as suspeitas e as acusações. Fala-se mais de árbitros do que de futebol, mais de bastidores do que de talento, mais de ruído do que de jogo. E o resultado está à vista: um futebol cada vez mais pequeno, mais tóxico e mais distante das pessoas.
Vivemos num permanente clima de suspeição. Tudo é posto em causa. Cada decisão é interpretada à luz da desconfiança e cada erro é visto como uma conspiração. Os dirigentes falam demais, os treinadores protestam de mais, os jogadores opinam sobre tudo e os adeptos alimentam a fogueira nas redes sociais. O problema é que, no meio disto tudo, o essencial vai-se perdendo: o respeito, a verdade desportiva e a paixão pelo jogo.
O futebol português precisa urgentemente de serenidade e de liderança. Precisa que quem tem poder de decisão pare de pensar apenas no resultado imediato e comece a pensar no futuro do desporto. O que andamos a construir? Que exemplo estamos a dar às novas gerações? O que deixaremos a quem vier depois de nós?
O SC Braga tem sido, nos últimos anos, um exemplo de seriedade, estabilidade e crescimento sustentado. É disso que o futebol nacional precisa - de clubes com visão, capazes de elevar o nível competitivo sem entrar no jogo fácil da vitimização e da suspeita permanente.
É tempo de recuperar o respeito pelas regras, pelas instituições e uns pelos outros. O futebol é paixão, mas tem de voltar a ser também respeito, verdade e mérito. Caso contrário, corremos o risco de destruir aquilo que o torna mágico: a emoção genuína que se sente sempre que a bola rola.
Assim não vamos lá. Mas ainda vamos a tempo de mudar.