António Magalhães
"Senti-me envergonhado; batemos no fundo; esta época acabou". Três afirmações fortes de Pinto da Costa na entrevista ao Porto Canal. Maior pragmatismo não poderia haver. Frontalidade também não. O presidente do FC Porto voltou ao palco, mas desta vez fê-lo com a força de PC. Aquela que o tornou um dirigente de exceção e que, pelo menos para já, deve convencer a nação portista de que o seu presidente ainda é insubstituível.
Pinto da Costa foi duro no que disse mas era o que os adeptos precisavam (diria que até reclamavam) ouvir, em vez da conversa fiada das desculpas que servem para justificar o insucesso, sacudindo a água do capote até com algumas mentiras. O líder portista quer sair do FC Porto com a auréola de um ganhador e não de um derrotado. É natural. Está na sua essência.
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Entre muitas confissões, relevam-se algumas que apontam para o futuro. Por um lado, o reconhecimento que o FC Porto não trabalha ao nível dos seus rivais em termos de formação. Daí precisar de um centro a sério. Por outro lado, admitiu que Peseiro não tem o lugar seguro. Ou seja, certamente Pinto da Costa já estará a trabalhar outros nomes. No final da época, logo se verá quem será o treinador. Pode ser Peseiro? Pode. Mas desde ontem que o próprio sabe que pode não ser.
Numa entrevista viva, faltou abordar aquilo que por via dos resultados desportivos negativos mais polémica e revolta tem criado junto dos adeptos do FC Porto: as comissões (só esclareceu aquilo que lhe convinha) e as guerras internas e interesses familiares (nenhuma referência).
O golo de Wilson Eduardo acende ao Sp. Braga uma luzinha ao fundo do túnel. É ténue mas existe.