António Oliveira

António Oliveira
António Oliveira Senador da Fundação do Futebol

Conceito de equipa

O FC Porto conseguiu atingir o seu primeiro objetivo da época. A vitória por 3-1 sobre o Schalke garante o apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões e também uma importante receita financeira que pode trazer maior equilíbrio às contas da SAD portista. Ao conseguir 13 pontos em 5 jogos, os dragões conseguem já uma das suas melhores prestações de sempre na fase de grupos da Champions e confirmam o bom momento que a equipa está a atravessar. Um crescimento que tem trabalho sustentado.

Após o jogo da Taça de Portugal, Sérgio Conceição mostrava-se satisfeito com a vitória sobre o Belenenses e proferiu uma frase importante que talvez tenha passado relativamente despercebida: "aquilo que é mais importante é que os meus jogadores entendem o que é o conceito de equipa". No fundo, o trabalho de laboratório efetuado ao longo das semanas no sentido de afinar da máquina, na qual todos os jogadores sabem que função devem desempenhar. E isso tem vindo a resultar numa consistência cada vez maior das exibições dos jogadores enquanto coletivo.

Dentro de campo, seja qual for a missão que lhes é dada pelo treinador, os jogadores sabem o que fazer no processo defensivo e ofensivo, e a equipa é capaz de reagir e pensar da mesma forma sempre que é preciso fazer alguma compensação ou criar algum desequilíbrio. Este é um ideal, diga-se, que abrange todas as equipas. Uma meta que todos anseiam. E quanto mais consistente for este "conceito de equipa", mais forte e coesa uma formação se poderá apresentar.

Ao longo de época e meia no comando técnico do FC Porto, Sérgio Conceição tem vindo a explorar diferentes dimensões e está a conseguir exponenciar as capacidades do seu plantel. Montou uma equipa competitiva com o aproveitamento de jogadores que estavam emprestados, incutiu garra e força mental. Mas tem sido muito mais do que isso.

Se a nível individual é por demais evidente que há imensos jogadores que passaram a render mais e outros até acrescentaram novas características ao seu jogo, como foram os casos recentes de Óliver Torres ou Otávio, também é verdade que as dinâmicas do coletivo, o trabalho semanal ao mais ínfimo pormenor e a força motivacional deram origem a um grupo cada vez mais confiante nas suas capacidades e no qual as soluções se vão multiplicando.

A derrota com o Benfica na Luz acaba por ser marcante na trajetória portista na atual época. Seguiram-se 9 vitórias consecutivas, 27 golos marcados e apenas 5 sofridos. A equipa encontrou o seu ponto de equilíbrio e, de jogo para jogo, tem vindo a crescer a nível exibicional, aproximando-se dos bons desempenhos que evidenciou na temporada passada.

O calendário ainda é longo e há muito caminho a percorrer. A própria equipa terá de comprovar a si mesma se será capaz de manter regularidade, solidez e nota artística que demonstrou nos jogos recentes. Os indícios são positivos e mostram que o técnico está a preparar o seu conjunto para os duros desafios que se aproximam nos próximos meses.

Este FC Porto de Sérgio Conceição impressiona pela inteligência que demonstra no relvado. Os livres estudados, a gestão do ritmo do jogo, a reação à perda da bola ou a capacidade de se adaptar a diferentes dinâmicas e sistemas no mesmo jogo. Tudo isto é fruto de muito trabalho e os resultados começam a ficar à vista.

O Craque – Abono de família

Recuperado da lesão que o apoquentou durante mais de 2 meses, Bas Dost regressou com a mesma veia goleadora de sempre. Durante o mês de novembro apontou 6 golos pelo Sporting e voltou a ser a principal referência do ataque leonino. Com o ponta de lança holandês na frente, os leões ganham mais poder aéreo, oportunismo e sobretudo eficácia na finalização. A equipa melhora com este abono de família, do qual o técnico Marcel Keizer, seu compatriota e adepto de futebol ofensivo (como o resultado de ontem indicia), não irá certamente abdicar.

A Jogada – Apatia em Munique

Ao não conseguir vencer o Ajax nos 2 jogos anteriores, a missão do Benfica na Liga dos Campeões já se adivinhava matematicamente complicada e acabou por tornar-se um pesadelo em Munique. O Bayern foi superior e, por seu lado, os encarnados mostraram-se apáticos e cometeram vários erros defensivos, o que não permitiu um maior equilíbrio de forças. Faltou alguma irreverência às águias, no sentido de tentar surpreender um Bayern, que até tem estado num momento de menor fulgor no seu campeonato. A garantia da passagem para a Liga Europa é, no entanto, um ponto positivo.

A Dúvida – Espiral negativa

Recentemente, as gafes no discurso do treinador ou o telefonema tornado público que mostrou que o Benfica terá negociado a sua saída na temporada anterior, colocaram Rui Vitória numa situação fragilizada. Os resultados negativos, as más exibições da equipa de futebol e o descontentamento dos adeptos vieram a seguir e tornaram o ambiente ainda mais complicado para os lados da Luz. Entre o sai e não sai do treinador que surgiu esta semana, só mesmo um reforço da confiança da direção o poderia segurar. Mas as dúvidas no universo benfiquista mantêm-se: como dar a volta à espiral negativa?

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