António Oliveira
Após as saídas de Ricardo Pereira, Iván Marcano, Diego Reyes e Diogo Dalot – metade do setor defensivo –, o FC Porto sabia que os principais problemas que tinha para resolver estavam essencialmente na defesa. E foi com naturalidade que chegaram novos nomes como João Pedro, Diogo Leite, Éder Militão e Mbemba (todos eles jovens jogadores). Mas a assimilação de ideias e das dinâmicas da equipa leva tempo a implementar. Os primeiros jogos da temporada dos dragões evidenciaram erros defensivos que seriam difíceis de evitar, mas que foram devidamente diagnosticados e começam a ser corrigidos. Este é um dos desafios que os azuis e brancos têm pela frente: recuperar a solidez defensiva evidenciada ao longo da época anterior.
Na temporada em curso, os dragões sofreram golos em 5 dos 7 jogos realizados até ao momento. E a média de golos sofridos por partida na liga (1,25) está muito distante dos números verificados pelos portistas no campeonato transato (0,53). Podemos dizer que são números anormais para aquilo que o FC Porto está habituado e que esses erros resultam do ‘normal’ processo de adaptação que os novos elementos e toda a equipa estão a atravessar.
Em todos os momentos de aprendizagem, existem erros. E tendo em conta que Sérgio Conceição apenas pôde contar, em matéria de centrais, com Felipe e Diogo Leite na pré-época (Mbemba lesionou-se e Éder Militão chegou mais tarde), o tempo de ambientação acabou por se estender para o período de competição. O foco no erro, ajuda-nos a saber lidar com ele no futuro. Perceber a origem e saber como se falhou no passado é a melhor forma de dar resposta no futuro. Sempre com a perspetiva de que há capacidade para melhorar.
E nesta fase, o trabalho de nível psicológico e a pedagogia que é exigida são igualmente cruciais. Abordar o erro, se não for feito da forma correta, pode colocar os jogadores ainda sob maior stress, colocando-os nervosos, mais propensos a errar e com medo de arriscar. Pelo contrário, o atleta deve ser incentivado e apoiado, para que consiga perceber a sua função e aquilo que não funcionou anteriormente. Só assim, com os jogadores a identificarem aquilo que está em falta no seu jogo, se pode trazer uma resposta eficaz para o coletivo.
E este procedimento não se limita a novos membros. Há todo um processo de desenvolvimento de competências entre os vários jogadores, que permite solidificar processos, acrescentar soluções e resolver problemas. No fundo, há que trabalhar a equipa para ser capaz de dar resposta a todo o tipo de situações que podem ocorrer em campo.
E olhando para este FC Porto, o regresso de um jogador como Danilo Pereira que paulatinamente irá regressar à sua melhor forma, pode também ajudar os dragões a estabilizarem o setor defensivo, dada a sua importância no momento de recuperação em zonas mais avançadas e também no apoio aos colegas da defesa. Um pêndulo que ajuda a gerir o jogo nos dois momentos, que traz mais segurança e pode igualmente ser influente no jogo aéreo.
No jogo que o FC Porto realizou esta semana em Gelsenkirchen, com o Schalke 04, equipa com um enorme poderio a nível físico, já se viu uma formação mais eficiente a defender, já que os alemães raramente se aproximaram da baliza de Casillas com perigo. Sem fazerem uma exibição brilhante, os dragões podiam ter saído com a vitória. Faltou um pouco mais de esclarecimento no passe e acutilância na finalização. Porém, um erro defensivo voltou a resultar em golo sofrido. E é aqui que os azuis e brancos terão de afinar melhor a máquina.
O craque – Elemento importante
Muitas vezes apontado como a próxima venda milionária do Benfica, Salvio manteve-se vários anos nos encarnados e contribuiu para os sucessos das águias no passado recente. A entrar na 8.ª temporada ao serviço do clube, o argentino tem um papel cada vez mais importante. Ao fim de 246 jogos e 60 golos marcados pelo Benfica, está agora com 28 anos, possivelmente na plenitude das suas capacidades. Esta época já apontou 4 golos e as assistências também apareceram. Termina contrato no final da época e a renovação ainda não ocorreu, mas dentro de campo é um elemento fundamental.
A jogada – Pepe, o goleador
Em apenas 9 jogos realizados esta época, Pepe já igualou o seu melhor registo de golos apontados por um clube ao longo de uma temporada (5). Havia chegado a essa marca em 2013-14, pelo Real Madrid, e repete o feito agora no Besiktas, tendo larga margem temporal para fazer ainda melhor. Aos 35 anos, e depois de atingir a centena de jogos pela Seleção Nacional e ter também marcado um golo no amigável com a Croácia, o central parece estar como o Vinho do Porto: quanto mais velho, melhor. Exibições que certamente darão maior conforto e tranquilidade ao selecionador Fernando Santos.
A dúvida – Competição sem VAR
A primeira jornada da fase de grupos da Taça da Liga surpreendeu, negativamente, pela ausência de VAR nas partidas. Uma situação que gerou críticas e que acaba por não se compreender. Depois de tanto de se lutar pela introdução desta tecnologia nas nossas competições (sempre que existam condições nos estádios para os jogos serem televisionados), Liga Portugal e Conselho de Arbitragem da FPF não se entenderam em relação a esta matéria. Diz-se que ninguém quis assumir responsabilidades e custos financeiros. Mas terão falado sobre o assunto?