Artur Fernandes

Artur Fernandes
Artur Fernandes Presidente da Associação Nacional de Agentes de Futebol

Laboriosa Cidade Invicta

Numa altura de acordos de paz tão celebrados quanto necessários em determinadas zonas do Mundo, onde muitos outros tratados do género seriam imprescindíveis em mais umas 40 zonas bélicas espalhadas pelo nosso planeta, eis que dizia um mestre ao seu discípulo que “as guerras não são mais que odor a cadáveres, corpos decepados e sobreviventes que sofrem. A maioria das pessoas prefere crer no que lhe dizem, em vez de refletir sobre o que viram. É mais sábio saber o que não sabes, do que fingir saber algo que ignoras”. O mestre chamava-se Sócrates e o discípulo Platão. Mas eis que a outros níveis e outras realidades surgem ameaças de pequenas… guerrinhas. Hoje trago- vos uma história, do ano de 1952, quando o FC Porto convidou o Benfica para a inauguração do Estádio das Antas. A comitiva encarnada saiu de Lisboa de comboio, na manhã do mesmo dia, com a equipa principal e restante staff e dirigentes, acompanhados por uma multidão de adeptos que, de forma indefectível, os seguiam e apoiaram até ao Porto. À chegada a Campanhã, os benfiquistas colocaram um cartaz à frente da locomotiva que dizia: “Benfica saúda a laboriosa Cidade Invicta”. Uma caravana de carros, carrinhas e autocarros seguiam pelas estradas então sinuosas para se juntarem à festa do Norte, ostentando galhardetes, bandeiras e cachecóis de ambos os clubes, num clima de confraternização e desportivismo. O dia foi de júbilo, com direito a parada e desfile, e ainda que o clube da capital tivesse ganho, o espírito de convívio e folia manteve-se inalterável. Passados dois anos, os azuis e brancos retribuíram a amabilidade e responderam afirmativamente ao pedido do Benfica de serem eles a inaugurar o Estádio da Luz, em 1954. O festim e a convivência foram semelhantes, e assim todos eternizaram dois momentos absolutamente históricos do nosso futebol.

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