Bruno Prata
Ainda é cedo para tirar conclusões categóricas sobre os efeitos da despudorada decisão de disputar o Mundial nas arábias quando os campeonatos caseiros ainda não haviam disputado um terço dos jogos. O calendário ficou de pernas para o ar, a Liga dos Campeões e as restantes provas europeias tiveram igualmente de ser compactadas e há mais incertezas e más sensações do que nunca. Há danos mais ou menos evidentes: o FC Porto, por exemplo, está a lidar com as lesões de Pepe e Eustáquio ao serviço das respetivas seleções e não parece totalmente descabido considerar que o recente empate do Benfica em Moreira de Cónegos, com o inerente afastamento da ‘final four’ da Taça da Liga, também possa ser contabilizado como um efeito colateral. A verdade é que nem os astrólogos e os tarólogos que sempre ganham mediatismo nesta altura do ano saberão ao certo como irá decorrer a reintegração nas respetivas equipas dos internacionais que regressaram do Qatar ou como esses mesmos clubes se irão exibir, principalmente na vertente física, quando chegarem os momentos finais e mais deliberativos da temporada. Mas, neste horizonte de enorme obscuridade, também há a sensação de que houve quem beneficiasse da situação e do remanso no calendário. O exemplo que temos mais próximo é o do Sporting. E, se quisermos ser ainda específicos, o avançado Paulinho é bem capaz de ser a amostra individual mais ilustre e notória do revigoramento conseguido com o hiato para a consumação do Mundial da vergonha.