Bruno Prata
O bicampeonato ganho pelo Sporting teve tanto de merecido como de fim de um ciclo que, verdadeiramente, só terminará domingo, na final do Jamor. Independentemente do que possa ocorrer a partir da próxima época, 2024/25 assinala o fim de uma era iniciada há seis épocas (de facto, foi no início do último terço de 2019/20), quando Hugo Viana convenceu Frederico Varandas a pagar 10M€ ao Braga para desamarrar Ruben Amorim. Tudo o que se passou depois disso manteve, ou foi condicionado, pela chancela ou pela influência remota de Amorim, mesmo depois de este se ter escapulido para Manchester. E essa defluência sentiu-se até na sentença genuína que Eduardo Quaresma exteriorizou na hora dos festejos. Quando o mais divertido e inebriado jogador do Sporting enviou um recado público a Amorim (“Oh mister, você é campeão, gostava que estivesse aqui, mas agora temos outro”) não estava apenas a confirmar as úlceras que a deserção do treinador criou no balneário (e que foram expressas de forma bem mais virulenta por outros craques, principalmente por Pote). Estava também a demarcar a metamorfose e a entrada num novo e diferente estágio a partir da próxima época. Para o bem e para o mal, só a partir daí é que as conquistas e os insucessos do Sporting deixarão de poder ser relacionadas com a avantesma de Amorim.
