Daniel Sá

Daniel Sá
Daniel Sá Diretor Executivo do IPAM

10 mil milhões de dólares para ser dono dos Lakers!

É esta a astronómica quantia que o bilionário Mark Walter, CEO da TWG Global, terá que desembolsar para se tornar o novo dono dos Los Angeles Lakers, a mítica equipa da NBA, o que se traduzirá no maior negócio de toda a história do desporto mundial.

Nas últimas décadas o fenómeno da globalização modificou radicalmente a dinâmica da economia global. O desporto não passou ao lado destas enormes transformações: milionários a comprar clubes, competições transmitidas em todo o mundo, circuitos nos cinco continentes, patrocínios globais, transferências milionárias e um aumento explosivo das receitas da indústria do desporto.

O desporto nas últimas duas décadas transformou-se numa indústria de milhões, extraordinariamente rentável. Este fenómeno despertou muita atenção nos especialistas em maximizar dinheiro: os fundos de investimento que passaram a investir de forma intensiva nesta indústria.

O ser humano comum, se conseguir ter uns rendimentos extra, tem várias opções para seu prazer: pode comprar um telefone mais sofisticado, umas férias num destino longínquo, um descapotável ou uma mota ou até um pequeno barco para os mais endinheirados. Há, no entanto, um grupo de privilegiados, que com os seus rendimentos extra tem uma opção mais divertida e fascinante: comprar e gerir clubes desportivos.

O proprietário dos vizinhos Los Angeles Clippers, Steve Ballmer, é atualmente o proprietário de clube desportivo mais rico do mundo. Graças às ações em alta da Microsoft, o ex-CEO da gigante da tecnologia tem um património estimado em 91 mil milhões de dólares, deixando em segundo lugar o CEO da Reliance Industries e proprietário dos Mumbai Indians, Mukesh Ambani que acumula uma fortuna de 90 mil milhões de dólares. Esta dupla, uma norte-americano e um indiano, tem disputado o primeiro lugar desta lista de milionários desde 2016.

O magnata francês François Pinault, dedicado ao mercado dos artigos de luxo, surge em terceiro lugar da lista com uma fortuna superior a 40 mil milhões de dólares sendo dono do Stade Rennais FC. Ainda no território do futebol tinhamos ainda o carismático líder da Red Bull Dietrich Mateschitz com um património de 27 mil milhões de dólares que lhe permitia ser dono dos New York Red Bulls e RB Leipzig bem como da Red Bull Racing na Fórmula 1.

É esta tendência que vamos ver acentuar-se nos próximos anos, com vários dos maiores fundos de investimento internacionais a assumir posições significativas em clubes e competições um pouco por todo o mundo. No caso de Portugal, certamente que não ficará fora desta equação. Mais tarde ou mais cedo os fundos virão e ocuparão um espaço importante do ecossistema desportivo nacional.

O capital privado através de fundos de investimento, ou private equity, têm assumido um papel cada vez mais ativo no desporto ao longo dos últimos anos com empresas a criar fundos e a criar novas entidades para investir exclusivamente no desporto. Estes fundos estão a comprar ações de sociedades desportivas, clubes, ligas e também direitos de transmissão.

Estes movimentos capitalistas destes fundos têm originado uma enorme resistência ao longo dos anos. Todos nos recordamos de várias manifestações de adeptos, particularmente os ingleses, contra estas vendas, mas ao mesmo tempo que isso sucede, outros adeptos festejam a passagem para as mãos de donos endinheirados que permitem a esses clubes aumentar a sua competitividade desportiva.

Os adeptos podem temer que os investidores possam colocar os interesses financeiros acima dos interesses desportivos, e os próprios atletas podem também perguntar-se se os investidores pensam nos seus melhores interesses.

Deixe o seu comentário