Daniel Sá

Daniel Sá
Daniel Sá Diretor Executivo do IPAM

A (icónica) marca Boavista nos cuidados intensivos

Uma marca, empresa ou instituição vale, entre muitas outras coisas, pela antiguidade que tem no mercado. Quanto mais longa a sua história mais se prova a sua confiança e reputação no mercado reflexo da confiança dos seus consumidores. Se olharmos para algumas das marcas mais importantes em Portugal verificamos vários exemplos disso mesmo.

Os casos são vários e percorrem diferentes setores de atividade. Os hipermercados Continente com 40 anos, o banco BPI com 44, a empresa de energia EDP com 49, os cafés Delta com 64, o grupo Sonae com 66, os sumos Compal com 73, a construtora Mota-Engil com 79, a transportadora aérea TAP com 80, as cervejas Super Bock com 98 ou a farmacêutica Bial com 100 anos.

Quando olhamos para a antiguidade das marcas no mundo de futebol em Portugal, percebemos rapidamente que ultrapassam largamente as marcas de outros setores de atividade: a Académica de Coimbra com 138 anos, o FC Porto com 131, o Benfica com 121, o Sporting com 119, o Leixões com 117, o Belenenses com 105, o SC Braga com 104 ou o Vitória de Guimarães com 102, são apenas alguns exemplos.

Quer isto dizer que o mundo do futebol, e do desporto em geral, apresenta uma solidez, história, confiança e reputação de marcas como mais nenhum outro setor de atividade consegue ter.  A maior parte das marcas gastam rios de dinheiro anualmente para conquistar reconhecimento e notoriedade na mente dos consumidores. As marcas de futebol quase não precisam de o fazer. O reconhecimento é quase total e transversal na população portuguesa.

Com antiguidade, reconhecimento e notoriedade o caminho para o sucesso económico destas marcas fica incrivelmente facilitado. Nos últimos anos a maior parte dos clubes percebeu isso diversificando as suas fontes habituais de receitas e tornando-se também como marcas produtoras de conteúdos mediáticos. Está na altura de reforçar os clubes com profissionais que ajudem a criar valor, desenvolver novos negócios e aumentar drasticamente as receitas dos nossos clubes.

Vem isto a propósito do Boavista e das péssimas notícias da semana passada. Após a descida de divisão ficamos agora a saber que o Boavista não reuniu as condições necessárias para se inscrever na Liga 2, lançando a sua equipa de futebol para um cenário de enorme incerteza.

O Boavista, para além de ser um histórico do futebol português com enormes sucessos internacionais, é um clube eclético com mais de 120 anos, com percurso notável em diversas modalidades onde se destaca o voleibol, ciclismo, ginástica ou boxe e verificamos um conjunto de atributos que fazem deste clube da cidade do Porto uma marca única. A mítica camisola axadrezada, única no Mundo, a configuração do estádio, a pantera como símbolo, os mais de 120 anos de história, o perfil combativo e guerreiro e uma massa de adeptos apaixonados como poucos, são ingredientes mais do que suficientes para que o Boavista seja uma das melhores marcas existentes em Portugal.

Fico a torcer por uma solução financeira e institucional, mas mais ainda para que a marca Boavista se mantenha e renove com uma das marcas mais fascinantes que temos no nosso país.

Viva o Boavista!

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