Daniel Sá

Daniel Sá
Daniel Sá Diretor Executivo do IPAM

NBA na Europa: o Mundo já não é o mesmo

Em qualquer indústria, todos tentam conquistar clientes aos concorrentes com melhores ofertas, preços ou serviços mais competitivos. As equipas de marketing e vendas da Sagres trabalham todos os dias para que cada vez mais clientes de cerveja comprem e bebam Sagres em vez de Super Bock. As equipas de marketing e vendas da Super Bock trabalham todos os dias para que cada vez mais clientes de cerveja comprem e bebam Super Bock em vez de Sagres. Chama-se a isto lutar pelo tempo, atenção e dinheiro dos clientes e conquistar quota de mercado.

Pensemos agora na NBA (americana) e a FIBA (europeia).

Se um espetáculo desportivo não for suficientemente interessante, os adeptos mudarão de imediato a sua atenção para algo mais atrativo, deixando os níveis de lealdade pelas ruas da amargura. Este comportamento é válido quer para assistir a espetáculos desportivos ao vivo ou em casa. Além disso, sabemos também que as novas gerações adoram tecnologia e já nasceram com esta integrada nas suas vidas.

Estas tendências estão longe de ser uma surpresa, pois sabemos que o mundo se tornou global pelo que passaram a existir inúmeras opções alternativas disponíveis a qualquer hora e em qualquer lugar para uma legião de consumidores sedentos por novidades. Com tantas oportunidades e alternativas de streaming disponíveis atualmente, o panorama da oferta desportiva mudou pelo que a concorrência se tornou mais feroz entre as diferentes modalidades. É, por isso, muito importante que os responsáveis dos desportos tradicionais, que possuem grandes quotas de mercado, reconheçam estas tendências e elaborem planos de atividades para dar as necessárias respostas aos desafios.

Não existem caminhos únicos ou soluções mágicas, pelo que, algumas modalidades têm procurado encontrar respostas entrando em novas áreas geográficas nas também a testar novos formatos alternativos de competições. Este trabalho requer uma abordagem cautelosa pois não se pretende correr o risco de perder a base de adeptos existentes que pode também não gostar de demasiadas novidades nas suas modalidades favoritas. Foi exatamente nisto que a NBA e a FIBA andaram a pensar e a negociar nos últimos meses.

A possível vinda da NBA para a Europa está a gerar grande expectativa e promete revolucionar o cenário do basquetebol no velho continente. A expansão da liga norte-americana para a Europa não é apenas uma questão de aumentar a presença global da NBA, mas também de explorar novos mercados e oportunidades de negócio. O impacto estimado desta expansão é significativo, tanto em termos de receitas como de audiências.

A NBA Europa, como está a ser chamada, prevê a criação de uma liga com 8 a 10 equipas, com cada vaga avaliada em 500 milhões de dólares. A expectativa é que esta expansão gere cerca de 3 mil milhões de dólares por época, atraindo grandes audiências e patrocinadores globais. Clubes históricos do basquetebol europeu, como Real Madrid, FC Barcelona ou Fenerbahçe, estão a ser considerados para integrar esta nova liga. Além disso, gigantes do futebol como o Paris Saint-Germain manifestaram interesse em entrar no projeto, podendo criar uma equipa de raiz ou adquirir um clube já existente.

Em termos de audiências, a NBA já tem uma presença significativa na Europa. As finais da NBA de 2024, por exemplo, viram um aumento de 61% na audiência televisiva em Espanha, impulsionado pela presença de jogadores europeus como Luka Doncic e Kristaps Porzingis. Além disso, as visualizações globais do NBA League Pass para os playoffs da NBA aumentaram 19% em relação à última temporada e 26% em relação a 20193. Estes números demonstram o crescente interesse pelo basquetebol norte-americano no continente europeu.

A realização de jogos entre as possíveis equipas da NBA Europa é uma das estratégias para aumentar a visibilidade e testar o mercado antes de tomar decisões mais drásticas. A ideia é juntar um total de 16 equipas, entre elas algumas "desertoras" da Euroliga e outras criadas por investidores em mercados estratégicos como Londres, Paris e Milão. Estes jogos não só aumentariam a competitividade, mas também proporcionariam uma experiência única para os adeptos europeus, que teriam a oportunidade de assistir a jogos de alto nível sem precisar viajar para os Estados Unidos.

A possível vinda da NBA para a Europa tem o potencial de transformar o basquetebol no continente, trazendo novas oportunidades de negócio, aumentando as audiências e criando uma liga competitiva e emocionante. Com o apoio de clubes históricos e a colaboração entre a NBA e a FIBA, esta expansão promete deixar um legado duradouro no desporto europeu.

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