Daniel Sá

Daniel Sá
Daniel Sá Diretor Executivo do IPAM

Sustentabilidade no desporto: tendência ou obrigação?

As novas gerações têm vindo a mostrar preocupações ambientais de uma forma muito mais enérgica do que as gerações anteriores. A melhor informação leva a um ganho de consciência maior sobre a utilização adequado do planeta garantindo a sua sustentabilidade futura. Marcas ambientalmente malcomportadas são regularmente criticadas, ostracizadas e alvo da fúria de uma grande parte dos consumidores.

A sustentabilidade deixou por isso de ser uma opção para se tornar uma exigência na indústria global do desporto. Em 2025, grandes clubes e eventos desportivos estão a adotar práticas ecológicas como parte integrante da sua estratégia de negócio. Desde estádios alimentados por energia solar até programas de reciclagem e compensação de carbono, o desporto está a alinhar-se com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 foram um marco, com 95% das infraestruturas reutilizadas e uma meta ambiciosa de neutralidade carbónica. A próxima edição em Los Angeles em 2028 promete ser ainda mais exigente a este nível.

Clubes como o Real Betis, na La Liga, ou o Forest Green Rovers, no Reino Unido, tornaram-se referências em práticas sustentáveis, com certificações ambientais e políticas de mobilidade verde. A UEFA e a FIFA também têm vindo a integrar critérios de sustentabilidade nos seus cadernos de encargos para eventos internacionais. Em Portugal, embora ainda com passos tímidos, há sinais de mudança: o Estádio Municipal de Braga, por exemplo, iniciou um plano de eficiência energética e gestão de resíduos.

A pressão vem também dos patrocinadores. Marcas globais exigem que os seus parceiros desportivos adotem práticas responsáveis, sob pena de comprometerem a sua reputação. Para os adeptos, especialmente os mais jovens, a sustentabilidade é um valor essencial.

O desporto, enquanto plataforma de influência global, tem a responsabilidade — e a oportunidade — de liderar pelo exemplo. A questão já não é se o desporto deve ser sustentável, mas sim como e com que urgência. A adoção de práticas sustentáveis será cada vez mais um critério de valorização das organizações desportivas, tanto no mercado como na sociedade.

Este novo paradigma exige uma abordagem estratégica por parte dos clubes, ligas e federações, que devem investir em talento digital, parcerias tecnológicas e modelos de negócio centrados no adepto. A capacidade de adaptação será determinante para garantir relevância num ecossistema desportivo cada vez mais competitivo e fragmentado.

Deixe o seu comentário