Cronistas

Nuno Santos
Nuno Santos

E se Jorge Jesus acabar no Porto

Há um grande cansaço em torno do futebol do Sporting. Com dois objectivos ainda por consumar - a Taça de Portugal e a entrada na Liga dos Campeões - a sensação que passa para o exterior é que Presidente, treinador, jogadores e até adeptos estão extenuados. E fartos uns dos outros, com Bruno de Carvalho no epicentro deste furacão. São meses de luta, primeiro nas trincheiras e ultimamente à triste vista de todos com responsabilidades repartidas.

Por certo há um exagero nos media sobre tudo o que envolve o Sporting, mas bem vistas as coisas quase todos os dias há situações que são criadas dentro de portas e que dão azo aos trabalhos jornalísticos e às mais alucinadas especulações.

Veja-se o lamentável caso das tochas enviadas para a baliza de Rui Patricio e o enigmático post no Facebook do Pai (!) de BdC.

O que terá a claque a dizer sobre aquela chuva que eu nunca tinha visto em relvados portugueses? Não tendo nenhuma razão lógica porque fizeram os adeptos tal coisa ao jogador com mais história no clube?

E porque não se terá contido o Pai do Presidente sabendo todos os envolvidos que aquela lamentável mensagem chegaria com estrondo aos jornais e às televisões?

Admitindo que a ideia fosse essa é bom sublinhar que o Sporting nada ganhou com ela. A equipa não jogou exactamente bem, mas o texto é ofensivo e, não, o senhor em causa não é um sportingista como os outros. Se o Presidente-adepto tem a sua graça, o Pai-adepto do Presidente-adepto não tem graça nenhuma.

Bruno de Carvalho deve ser claro na questão do treinador, contrariando uma prática do passado com um custo elevado. Ele queria ter despedido Marco Silva muito mais cedo e não o fez. Vista à distância foi uma má decisão, mesmo que (me) tenha parecido a mais sensata à época, porque degradou quase até ao limite do insuportável as relações dentro do Sporting.

Se não quer Jorge Jesus - mesmo já tendo dito que queria - deve assumir frontalmente a mudança, defender os interesses do clube e encontrar uma boa alternativa. Encontrou sempre.

Precisa de ter em conta que, se estiver livre do Sporting, Jesus é o maior candidato a uma eventual substituição de Sérgio Conceicao.

Entrar no campeão como segundo classificado e vencedor de duas Taças num clima hostil é, apesar de tudo, diferente de entrar se falhar a Champions e perder no Jamor. Jesus não será pior treinador por isso mas, se Sérgio sair, Pinto da Costa precisa de uma solução forte.

MUDANÇA NA TELEVISÃO  

O título deste texto, em bom rigor, não está certo mas para melhor compreensão a entrada da Eleven Sports no mercado audiovisual português, para o qual terá comprado os direitos da Champions League e da Liga Espanhola, significa uma mudança radical.

A Eleven Sports que opera em vários mercados e com diferentes conteúdos vai atingir o negócio quase monopolista da Sporttv e, sendo na origem uma plataforma OTT (como a Netflix, por exemplo) vai criar um novo hábito de consumo do grande futebol. Os espectadores estão preparados e saberão encontrar o que querem.

Para termos uma ideia da extensão deste movimento, na próxima época Cristiano Ronaldo e Messi só serão vistos na nova Plataforma.

Claro que a Sporttv é, não só um gigante com accionistas poderosos, como está instalada e tem fortes contactos no mercado internacional. Ou seja, será um player forte e o aparecimento de concorrência seria inevitável. No entanto as suas forças parecem também as suas fraquezas. Uma gestão demasiado partilhada e uma liderança pouco assertiva poderão ter aberto as portas ao challenger.

RUBEN DIAS - O castigo a Ruben Dias é mais do que acertado embora seja difícil entender o critério depois de tantos castigos terem ficado por aplicar.

> Para o jovem jogador este momento deve ser de reflexão. Em nenhuma liga de primeira linha - e por extensão em nenhuma prova internacional, como por exemplo o Mundial - é possível jogar de forma tão recorrente à margem da lei. O castigo vem tarde e não se percebe bem o que andou Rui Vitoria a fazer com o jogador.

GONÇALO PACIÊNCIA - Muito influente no V.Setúbal na primeira metade da época, Goncalo Paciência foi relativamente discreto no seu regresso ao FC Porto. O que importa sublinhar, no entanto, foi a sua genuína alegria por ser campeão de dragão ao peito e por, através dos laços familiares, ele - tal como André André, ou noutro plano Dalot - terem sido o tempero (muito) local numa equipa que, como todas hoje, é uma espécie de Sociedade das Nações. Bom jogador e com grande futuro, Goncalo sabe bem o que vale este título.

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