Terminaram ontem os meus primeiros – e espero que não últimos – Jogos Olímpicos, nesta cidade imensa que é o Rio de Janeiro. Imensa em beleza, imensa em problemas. O COI rasga-se em elogios, diz que foram uns Jogos inesquecíveis e que não há arrependimentos. E talvez a face mais visível dos Jogos tenha sido positiva. Não tanto aquilo que não aparece na televisão. O enorme sucesso desportivo acabou por maquilhar muita da desorganização. Como foi a minha estreia, primeiro acreditei que os atrasos nas obras, nos transportes e a falta de informação e iniciativa dos voluntários, os preços exorbitantes fossem comuns a outros Jogos. Percebi rapidamente que não. Para quem já tem uns quantos no currículo, estes ficarão na história como os Jogos da logística impossível. Com a competição dispersa por vários pontos de uma cidade não conhecida exatamente pela sua mobilidade, o nosso trabalho tornou-se uma maratona olímpica, com mais tempo passado em autocarros do que exatamente em pavilhões. E a cada "sei não" dos voluntários, a cada indicação mal dada (grande parte das placas de sinalização dos Jogos chegaram já a meio da competição...), a cada instalação olímpica com comida esgotada, minutos preciosos se perderam, muita paciência se esgotou. O meu último dia começou sem eletricidade ou água quente, um desfecho quase kármico e certamente paradigmático desta aventura de duas semanas no Rio.