Não é Alfredo mas é Marceneiro

Será difícil encontrar hoje, dia 9, um portista com queixas de noite mal dormida, atormentado por pesadelos sobre o futuro do seu clube, depois de saber o nome do novo treinador. E se há alguém nessa condição é, certamente, alguém excecional que só confirma a regra. Sérgio Conceição, que chegou a acordo com o FC Porto para as próximas duas temporadas – e mais uma de opção –, suscita entusiasmo no seio do Dragão. E, com isso, entra logo a ganhar, diferenciando-se mesmo do antecessor Nuno Espírito Santo, também ele um ‘homem da casa’, pessoa correta e bem-falante, mas sem merecer unanimidade entre adeptos por falta de provas dadas ao mais alto nível naquele cargo. E, aliás, saiu mesmo sem as conseguir dar.

Sérgio Conceição alia paixão – em tudo o que faz – a conhecimento técnico, alia entrega total a resultados e, acima de tudo, é um reconhecido dragão dos sete costados. "É pelo amor ao clube que eu vim", não se esqueceu de dizer ontem, no meio de um discurso motivador, de esperança e virado para dentro e para quem está farto de nada ganhar no futebol. Sérgio Paulo Marceneiro Conceição é o seu nome. Não é Alfredo, pois não chegou para perdurar o fado recente dos portistas, mas é Marceneiro e vem para restaurar o orgulho perdido dos dragões.

E, veja-se, na época passada, em França, apesar de o compatriota Leonardo Jardim ter sido a figura da Ligue 1, há que dar mais do que uma nota de rodapé à obra feita por Conceição no Nantes. Chegou com o campeonato a meio caminho, com a 16.ª jornada cumprida e com a sua equipa na 19.ª e penúltima posição, em zona de despromoção. Cinco meses depois, deixou o Nantes no 7.º posto, a um lugar da Europa.

Neste regresso a Portugal, Sérgio Conceição irá encontrar um clima ligeiramente diferente no futebol indígena, que está ainda mais poluído. Veremos se o facto de os filhos Rodrigo Conceição, de 17 anos, ser uma das grandes promessas da formação do Benfica, e Francisco Conceição, de 14, dos iniciados do Sporting, funciona a favor de discursos menos radicais entre rivais ou se, pelo contrário, serão usados para ataques soezes pelos dementes que por aí pululam. Se a última hipótese vingar, então, meus amigos, isto está pior do que se imagina.

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