Depois da débacle da cerimónia de abertura, achei que os brasileiros tinham aprendido a lição. Nem por isso. Fim da sessão da manhã do atletismo no Estádio Olímpico. Centenas de jornalistas a sair. Um autocarro. Coloco-me na fila. Quando chega à minha vez de entrar, dizem-me para parar. Uma voluntária tenta explicar num inglês que claramente não domina que vem outro veículo a seguir, que também vai para o Press Center. Já cá estou há mais de uma semana e por isso desconfio. Pergunto-lhe em português se tem a certeza. Ela atrapalha-se, responde-me qualquer coisa em inglês. Pelo sim pelo não, fico na fila. O autocarro está a abarrotar, mas Norman, fotojornalista do Uganda, olha para os meus 40 quilos e diz: "Acho que ainda cabes". Tento. A porta fecha e Dragos, da televisão pública romena, encosta-se a ela, numa tentativa de ganhar espaço. Pergunto-lhe se não acha perigoso e asseguro-lhe que o ajudo se algo acontecer. Ele olha para mim e sorri: "És demasiado pequena". Tem razão. Lá arrancamos. Numa subida, o autocarro dá sinais que não vai sair dali, mas depois lá abala. Pela primeira vez desde que cá estou, dou graças pelo ar condicionado. Sobrevivo, entro em outro autocarro. Chego surpreendentemente cedo ao ténis de mesa e recebo um mail que me avisa que o serviço para o estádio será reforçado. Obrigada.