Fabiano Abreu Agrela
O debate sobre quem é o melhor jogador de futebol da história é interminável, mas uma análise objetiva, cognitivamente avançada e fundamentada aponta para Cristiano Ronaldo como superior a Pelé. Esta opinião baseia-se não apenas em números impressionantes, mas também no contexto do futebol moderno, nas exigências competitivas da Europa, nos títulos conquistados e nas características únicas que fazem de Cristiano Ronaldo um atleta incomparável.
Números que falam por si
Cristiano Ronaldo acumula estatísticas que superam as de Pelé em vários aspetos. Até junho de 2025, Ronaldo marcou 938 golos em jogos oficiais, enquanto Pelé, segundo estimativas, marcou cerca de 757 golos oficiais (os números de Pelé variam devido à inclusão de jogos não oficiais). Ronaldo disputou 1.200 jogos oficiais, com uma média de 0,78 golos por jogo, enquanto Pelé, em cerca de 831 jogos oficiais, teve uma média de 0,91. Embora a média de Pelé seja ligeiramente superior, é crucial considerar o contexto.
Ronaldo conquistou 5 Bolas de Ouro, contra nenhuma de Pelé (o prémio não existia na sua época, mas a comparação com contemporâneos de Pelé não o coloca tão acima). Não somente, Ronaldo venceu 5 Ligas dos Campeões, competição de elite que não tem equivalente na era de Pelé, cuja Copa Libertadores (3 títulos) era menos competitiva globalmente. Na seleção, Ronaldo é o maior goleador da história do futebol internacional, com 130 golos em 212 jogos (média de 0,61), enquanto Pelé marcou 77 golos em 92 jogos (média de 0,84). Apesar da diferença na média, Ronaldo enfrentou defesas mais organizadas e seleções europeias de alto nível, como Alemanha, Espanha, França e Itália, algo que Pelé raramente encontrou.
Os títulos de Ronaldo reforçam a sua grandeza. Pelo Sporting, venceu a Supertaça de Portugal (2002). No Manchester United, conquistou o Campeonato do Mundo de Clubes da FIFA (2008), Liga dos Campeões da UEFA (2007–08), Campeonato Inglês (2006–07, 2007–08, 2008–09), Taça da Inglaterra (2003–04), Taça da Liga Inglesa (2005–06, 2008–09) e Supertaça da Inglaterra (2007, 2008). No Real Madrid, somou Campeonato do Mundo de Clubes da FIFA (2014, 2016, 2017), Liga dos Campeões da UEFA (2013–14, 2015–16, 2016–17, 2017–18), Supertaça da UEFA (2014, 2016, 2017), Campeonato Espanhol (2011–12, 2016–17), Taça do Rei (2010–11, 2013–14) e Supertaça da Espanha (2012, 2017). Pela Juventus, ganhou o Campeonato Italiano (2018–19, 2019–20), Supertaça da Itália (2018, 2020) e Coppa Italia (2020–21). No Al-Nassr, conquistou a Copa dos Campeões Árabes (2023). Pela seleção portuguesa, liderou as conquistas do Campeonato Europeu (2016), Liga das Nações da UEFA (2018–19, 2024–25) e, com a seleção sub-21, o Torneio Internacional de Toulon (2003).
O futebol moderno: um desafio maior
O futebol na era de Ronaldo é incomparavelmente mais exigente do que na época de Pelé (1950-1970). Hoje, o desporto evoluiu com marcação mais cerrada, estratégias defensivas sofisticadas e uma inteligência tática coletiva que dificulta o brilho individual. Os avanços na preparação física e na análise de dados permitem que as equipas neutralizem estrelas como Ronaldo com maior eficácia. Pelé, embora genial, enfrentava defesas menos organizadas e um ritmo de jogo mais lento, onde a criatividade individual tinha mais espaço.
Além disso, a longevidade de Ronaldo é assombrosa. Aos 40 anos (em 2025), continua a marcar golos a um ritmo impressionante, adaptando-se a diferentes ligas (Inglaterra, Espanha, Itália, Arábia Saudita) e mantendo um nível físico invejável. Pelé, por outro lado, teve o auge até aos 30 anos, com uma carreira menos diversificada em termos de contextos competitivos.
Ronaldo na Europa vs. Messi na América do Sul
Comparar Ronaldo com Lionel Messi é inevitável, mas o contexto competitivo reforça a superioridade de Ronaldo. Jogar pela seleção portuguesa na Europa exige enfrentar potências como França, Alemanha, Inglaterra e Espanha, onde a densidade de equipas fortes é altíssima. O Europeu é um torneio mais equilibrado e competitivo do que a Copa América, onde Messi enfrentou menos adversários de elite (Brasil e Uruguai são exceções, mas a profundidade europeia é maior). Ronaldo liderou Portugal ao título da Euro 2016 e da Liga das Nações 2019 e 2024–25, feitos que demonstram resiliência em cenários de alta pressão.
Um atleta completo e superdotado
Messi é exímio em dribles e finalizações, com uma visão de jogo quase sobrenatural. No entanto, Ronaldo é mais completo. Com 1,87m, usa a sua estatura para dominar no jogo aéreo, algo que Messi não consegue. Os dribles de Ronaldo, embora diferentes, são eficazes, combinando velocidade, potência e técnica. Afinal, não é fácil ser habilidoso com alta estatura. As suas finalizações são letais com ambos os pés e de cabeça, e a sua capacidade de decidir jogos em momentos cruciais é inigualável.
Ronaldo é uma máquina atlética. A sua dedicação à preparação física, dieta e recuperação transformou-o num modelo de longevidade desportiva. A sua capacidade cognitiva no campo e fora dele, leitura de jogo, posicionamento e tomada de decisão sob pressão, reflete um superdotado do desporto. Enquanto Messi brilha pela genialidade instintiva, Ronaldo combina talento natural com uma ética de trabalho que o eleva a outro patamar.
Por fim
Cristiano Ronaldo é o melhor jogador da história do futebol porque transcende as barreiras do talento puro. Os seus 938 golos, os títulos em múltiplas ligas e as conquistas internacionais não apenas superam os de Pelé, mas foram alcançados num contexto imensuravelmente mais exigente. É essa capacidade de brilhar na Europa contra as melhores equipas do mundo, e de se reinventar ao longo de duas décadas, que faz dele um fenómeno único.
Ronaldo não é, portanto, apenas um jogador de futebol; é a personificação da excelência desportiva, um superdotado que redefine os limites do possível. Por tudo isto, já está na hora de considerá-lo o Rei do Futebol, e não há razão para esperar pela sua reforma para o fazer.
A título pessoal, agradeço-lhe, CR7, por nos colocar no mais alto patamar do futebol e por divulgar tão brilhantemente a terra dos meus ancestrais, desde o meu tata, o navegador António de Abreu