O futebol é uma maneira como qualquer outra de afirmação de uma cidade, de uma região, de egolatria e porventura de fazer política.
O futebol desempenha um valor positivo e uma crença de esperança da massa associativa de um clube nas suas capacidades, ou de um povo, sendo a selecção nacional. Muitas vezes clubes ou países pobres superam clubes ou países ricos e mais poderosos. As diferenças no futebol esbatem-se e permitem por exemplo que Portugal possa vencer a super Alemanha, dona da Europa.
Os estádios não são unicamente realidades sociológicas em ebulição, são também lugares privilegiadas para observar os humores de uma sociedade, sentir o seu pulsar, os seus anseios, as suas inquietudes e os seus instintos.
Recordo-me dos assobios numa final da Taça de Portugal ao Presidente da República e a membros do governo, em tempos passados.
Por outro lado, para além do futebol ter que ver muito com política, também tem muito que ver, com economia e com marketing.
Por isso, depois da vitória do Sevilha perante o Liverpool na Liga Europa, faz-me pensar porque não é a Liga espanhola a mais forte do mundo, mas sim, a Liga inglesa.
Desde o ano 2000, em que se passou a disputar a Liga dos Campeões e a Liga Europa. As equipas espanholas venceram 16 vezes, sabendo de antemão que a próxima final no dia 28 de Maio, em San Siro, será espanhola vença o Real Madrid ou o Atlético de Madrid.
O segundo país que tem mais vitórias é Inglaterra, mas muito atrás, com somente 5 vezes. O domínio espanhol é avassalador. Por outro lado a Liga espanhola tem os melhores jogadores do mundo.
Não entendo porque a Liga inglesa bate a Liga espanhola quanto a patrocínios e seguidores em todo o mundo.
Recordo-me de estar em Hong-Kong e os hotéis terem locais próprios para acompanhar os jogos da Liga inglesa, tendo em conta a diferença horária. Um interesse e entusiasmo louco. Não me apercebi disso com a Liga espanhola.
No futebol, como no trabalho, como na política e em quase tudo na vida, o êxito provém de uma combinação de habilidade, energia e inteligência.
A que é que se deve a Liga inglesa ser considerada a melhor Liga do mundo e depois não vence troféus a nível internacional? Dentro do campo não há muitas diferenças, o futebol espanhol até está mais bem organizado. Todavia o problema é fora do campo. Os ingleses amam mais o futebol do que os espanhóis.
Isso é demonstrado pelo maior número de espectadores que paga para ver as partidas ora no estádio ora em assinatura de canais codificados na televisão.
A paixão inglesa pelo futebol é contagiosa. E, nada é mais contagioso do que a boa disposição, a alegria e o entusiasmo. Veja-se o que acontece no Boxing Day (tradicional feriado secular comemorado no dia seguinte do dia de Natal, geralmente o 26 de Dezembro),famílias inteiras vão ao futebol. Um jogo de futebol pode tornar-se para muita gente um bom programa e bons momentos de lazer e alegria familiar.
A Liga inglesa deve muito ao entusiasmo dos adeptos nos estádios assim como às excelentes transmissões televisivas. Ver um jogo de futebol com os estádios cheios e com equilíbrio nas equipas é mais atraente que ver um jogo espanhol, apesar da qualidade intrínseca do futebol espanhol.
Depois o cachet de distribuição dos direitos televisivos permite a qualquer equipa inglesa comprar um grande jogador. O segredo da Liga inglesa é a imprevisibilidade do resultado entre as equipas, a paixão dos seus adeptos, a forma como os jogadores se entregam ao jogo, a beleza do espectáculo quer no estádio quer na televisão.
Não há nada a fazer. Por mais que brilhe a Liga espanhola de futebol, por mais troféus europeus que conquiste está condenada a viver à sombra da Liga inglesa.