Joaquim Jorge

Joaquim Jorge
Joaquim Jorge Fundador do Clube dos Pensadores

André Villas-Boas, a oportunidade

Antes de escrever este artigo de opinião, informo que não sou sócio do FC Porto, simplesmente amigo de André Villas-Boas e não faço parte de nenhuma lista à direcção do FC Porto. Conheci-o por ser treinador do meu filho, nas camadas jovens do FC Porto, há muitos anos.

A sua candidatura tem enormes virtudes como transparência, bilhética, academia, transferência, administração, modalidades, claques, entre outras.

Contudo, esta candidatura tem uma virtude, que já a fez vencer sem ir a votos: colocou os seus oponentes e, quem em está no poder a mexer-se e a fazer pela vida.

Não gosto de dizer adversários porque Pinto da Costa merece ser tratado com algum respeito pelo que fez pelo FC Porto, ao contrário, de muitos que gravitam à sua volta.

Os portistas podem ter a oportunidade de alterar muitas coisas que estão mal na vida do FC Porto.

Quando alguém se prontifica a sair do sofá, da sua boa vida, pronto a incomodar-se e a preocupar-se com a vida do FC Porto é de louvar e seguir. Os portistas têm agora essa oportunidade e não a devem desperdiçar.

André Villas-Boas, ainda é jovem e pode temporalmente fazer um bom trabalho, ao invés, Pinto da Costa afirma que é a última vez que se candidata.

Já cumpriu com o seu dever, o clube, a cidade e o país devem-lhe muito, mas deveria ter a sensatez de sair pelo seu próprio pé. Assim, arrisca-se a ser empurrado.

Parece que se (re)candidata por birra e porque não aceita que alguém de forma independente e autónoma possa ocupar o seu lugar.

Eu sei que custa, mas tem que ser. É tão importante saber entrar num cargo, como saber sair, no fundo, pode sair de forma forçada, sendo derrotado por André Villas-Boas.

O FC Porto não é de "alguns", mas de "todos" os sócios, nem nunca será de André Villas-Boas que se limita a representar uma enorme massa adepta que está nessa onda!

O André Villas-Boas é tão educado, até parece que, está a pedir por favor, para concorrer e ocupar a cadeira que não será de sonho, como foi a sua de treinador quando venceu tudo, mas ocupar a cadeira da realidade pelo que se passa no FC Porto.

O que me mete mais confusão nesta eleição é o seguinte: quem está no poder do FC Porto considera uma afronta, alguém ter a veleidade de questionar algumas decisões e querer ocupar o seu lugar, para fazer as coisas de outra forma e de outra maneira.

Fica a ideia no ar que ninguém pode ter a pretensão de pensar de outro modo e ter outras opiniões distintas, recentes e jovens.

É incrível este proselitismo!

Se alguém pensa de maneira diferenciada de Pinto da Costa, presume que é tempo de sair e que já cumpriu com o seu dever, é visto como inimigo do FC Porto e está a fazer o jogo dos adversários de Lisboa. Citando a Bíblia, "Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem".

O clube é dos sócios e nunca será de nenhum presidente por muito que tenha feito por esse clube. O FC Porto sempre houve uma simbiose perfeita entre clube e presidente, mas isso desvaneceu-se pelo excesso de tempo no poder, por decisões erráticas, por más companhias e pela "ditadura do tempo" que faz curvar toda a gente.

 

Eu se fosse sócio votaria em André Villas-Boas pela coragem, seriedade, postura e determinação. Isso não queria dizer que estivesse contra o que foi feito, anteriormente, mas houve uma acomodação, apatia e deslumbramento pelo poder. O FC Porto precisa de um novo impulso e de caras novas.

Em 2019, Brendan O'Neill, editor da revista Spiked, descreveu os indivíduos que promovem a política woke como pessoas que tendem a ser identitárias, censuradoras e puritanas no seu pensamento ou um "guerreiro cultural" que não consegue aceitar o facto de, que existem pessoas no mundo que discordam dele.

O FC Porto tem que acreditar, mudar, inovar, com serenidade e sem medo.

Tem, agora, essa oportunidade.

Deixe o seu comentário

Pub

Publicidade