1 O tema é recorrente depois de cada jornada europeia. O Benfica perde na Liga dos Campeões e o peso da academia do Seixal no onze dos encarnados torna-se o assunto mais debatido no País. Aliás, até no dia da vitória caseira frente ao Lyon, em que a produção futebolística não entusiasmou os adeptos, esta questão foi surpreendentemente merecedora de análise profunda. É o assumido sonho de Luís Filipe Vieira em atingir uma final da Champions a perseguir Bruno Lage e, consequentemente, o próprio presidente, pelo menos até ao dia em que comecem a ruir os alicerces desta coabitação. Nessa altura, será muito provavelmente o treinador a ficar injustamente com o ónus de não ter conseguido criar uma mescla entre juventude e experiência, como se tal pudesse ser feito por decreto. Mas, antes que a demagogia saia à rua, este tema encerra algumas verdades insofismáveis. Em primeiríssimo lugar, e mesmo retirando algum peso à questão, qualquer adepto português (do Benfica ou não) prefere lutar pelo campeonato e ter os principais jogadores disponíveis para essa competição. Na Liga dos Campeões, o máximo que se pode conseguir é... ‘fazer dinheiro’. Ninguém de bom senso está à espera, face ao nível dos adversários em prova, que se atinja mais do que os quartos-de-final. Por outro lado, o Benfica, e se calhar qualquer outro clube no Mundo, não produz nas camadas jovens craques em cadência e qualidade suficientes para equacionar tais voos. E, no fundo, não se conquistam troféus hoje com jogadores de amanhã... É verdade que o Seixal é o garante da sobrevivência de um clube, quer nas vendas que proporciona quer, em muitos casos, na poupança que permite fazer. Neste defeso, o Benfica entendeu que não era necessário procurar laterais, centrais, médios e extremos, embora tenha gastado 37 milhões de euros em dois avançados mais ou menos redundantes. Mas hoje, a estrutura parece que já percebeu que não há sucesso europeu (leia-se passar a fase de grupos) sem um investimento proporcional. Mais vale tarde do que nunca para acalmar a plateia mais exigente.