Marco Ferreira
As jornadas que antecedem os clássicos e/ou dérbis são sempre ricas em narrativas destrutivas em relação aos árbitros independentemente dos seus desempenhos. Os lances que levantam algumas dúvidas são usados como arma de arremesso entre clubes de forma a condicionar futuras nomeações e os próprios árbitros. Todos os alegados erros são intencionais, têm o propósito de prejudicar uns em detrimento de outros e todos são incompetentes quando não nos beneficiam. Estas narrativas que inundam a opinião pública demonstram bem a falta de cultura desportiva alimentada propositadamente pelos clubes com a ajuda dos falsos mensageiros da justiça e da imparcialidade. O fator humano não existe quando falamos dos árbitros, o erro normal é transformado num “ataque” a uma qualquer instituição ou personalidade, é uma perseguição maliciosa ou um crime lesa-pátria. Os maiores “criminosos” do nosso futebol não estão dentro do terreno de jogo. Já lá vai o tempo em que o desporto era uma fonte de valores morais e éticos e onde o respeito era o fator principal para um desporto saudável. A radiografia do futebol português mostra um ambiente tóxico alimentado por quem tinha a responsabilidade de mover as massas no sentido certo. O caminho há muito tempo que se desviou do rumo certo e essa responsabilidade não pode ser apontada aos árbitros.