Marco Ferreira
Interpretação é possivelmente a palavra mais utilizada no âmbito da arbitragem e, muitas vezes, serviu para justificar erros cometidos. Mais grave é introduzir a interpretação da interpretação, para justificar uma não intervenção do VAR num erro cometido pelo árbitro. Após várias críticas ao protocolo do VAR, somos novamente pioneiros em introduzir uma nova função ao VAR: ficamos todos a saber que, em Portugal, o Vídeo-árbitro serve também para validar os erros, assumidos pelo Diretor Técnico e, alegadamente, pelo Conselho de Arbitragem, cometidos em campo pelo árbitro. Quando um lance é de interpretação isso aplica-se ao árbitro e ao VAR, ou seja, a interpretação/decisão do árbitro deve sempre prevalecer e o VAR deve acompanhar a decisão. Quem gere a arbitragem não pode considerar que o árbitro errou para depois, no mesmo lance, validar a não intervenção do VAR alegando a interpretação. Será que as recomendações dadas aos árbitros são diferentes das que são dadas aos Vídeo- árbitros? Quando a maior crítica feita aos árbitros/VAR é a falta de critério, não podem afirmar que, no mesmo lance, o árbitro assinalou mal um penálti, mas, mesmo assim, o VAR esteve bem em não intervir. Os árbitros não podem ter o mesmo critério quando, no mesmo lance, as próprias recomendações/avaliações são diferentes para árbitro e VAR. Os erros cometidos pelo VAR esta jornada demonstram bem a confusão atual.