Miguel Sousa Tavares

Miguel Sousa Tavares
Miguel Sousa Tavares Jornalista

O ano de todos os perigos

1 - Os sinais estão todos aí para quem os quiser ver: as eleições do Benfica, em Outubro, vão marcar decisivamente esta época futebolística. A profusão de candidatos ao cargo ocupado por Rui Costa diz logo muito sobre a importância do que está em jogo. Mas  muito mais dizem as promessas que eles fazem, as ameaças que não escondem e o tom geral de guerra declarada a tudo o que possa ser um obstáculo no caminho triunfal do Benfica para o êxito eterno. Quase todos os candidatos se declaram 'empresários' - todos internacionais, multinacionais e, claro, carregados de sucessos empresariais que o povo desconhece. E todos prometem realizações megalómanas: um estádio para 80.000 pessoas, ou para 100.000, ou para 120.000, ou até um estádio novo. Até aqui tudo bem, os perigos começam depois. Rui Costa, não querendo ficar atrás dos outros, lembrou-se de apresentar uma coisa grandiosa, ridiculamente chamada 'Benfica District' (esta moda de inglesar tudo o que se refere ao futebol, desde a Eusébio Cup até ao 'Thinking Football Summit', mostra bem o saloísmo reinante no meio). Rui Costa propõe-se então, caso eleito, construir uma obra tão desmedida que requer um quarteirão inteiro da cidade de Lisboa, incluindo um centro comercial... que faz imensa falta ao lado do Colombo. Mas o mais extraordinário de tudo é que o presidente do Benfica apresentou solenemente o seu projecto que, indo avante, lançaria o caos na já congestionada Segunda Circular e alteraria toda a paisagem urbana de Benfica, numa sessão onde estava o próprio presidente da Câmara de Lisboa. E tudo isto sem ter feito  qualquer consulta à Câmara, sem qualquer pedido de informação prévia, como se bastasse escrever no projecto "Benfica" e nada mais haveria para falar. E, sentado na sessão, abando a cabeça e pensando nos votos dos benfiquistas para a sua eleição pessoal, o infeliz Carlos Moedas parecia confirmar que quem manda em Lisboa é o Benfica e não ele.

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