Miguel Sousa Tavares
1- Há uma tendência indisfarçada, da parte de portistas e benfiquistas, de desconsiderarem o Sporting como verdadeiro rival à altura deles. Da parte dos benfiquistas, creio que isso tem muito a ver com o tratamento priveligiado que a imprensa sempre dá ao Benfica e que tem dois efeitos junto dos seus adeptos: um fenómeno de habituação, que os leva a tomar como normal e direito adquirido aquilo que é um privilégio face aos demais, e a crença permanente numa superioridade natural que, muitas vezes, não encontra suporte na realidade dos factos. Do lado dos portistas, a tendência para desvalorizar o Sporting assenta sobretudo na estatística das últimas e já largas décadas, que mostram à saciedade uma supremacia constante e sustentada do FC Porto a nível de resultados e em todas as competições, que a atitude de Calimero do Sporting não consegue, obviamente, desmentir, pois que, como se costuma dizer, contra factos não há argumentos. Mesmo quando o Sporting inicia os campeonatos em modo triunfal, parecendo que está ali o grande candidato à vitória final, há, entre portistas e benfiquistas, uma postura de ‘donos da bola’, uma indisfarçável soberba ou confiança, que os leva a comentar entre si "deixa-os pousar, que até ao Natal eles voltam à normalidade". Coisa que, diga-se, o próprio Sporting, com episódicas excepções - como o primeiro ano de Amorim - se tem encarregue de confirmar.