Miguel Sousa Tavares
1 - Já sigo o futebol português de perto há tempo suficiente para conseguir destrinçar nas entrelinhas das notícias manobras submersas de 'lobbying' e manipulação. Mas raramente me tinha deparado com tão descarada manobra encomendada como a que recentemente visou o despedimento do seleccionador nacional, Roberto Martínez, e de que este jornal também deu conta. Aparecida do nada e subitamente (mas a abrir a época das contratações...), os seus mentores, não podendo, por razões óbvias, defender o despedimento do seleccionador na véspera da Final Four da Liga das Nações, defenderam e promoveram o despedimento por todos os meios para depois da competição, caso Martínez não a ganhasse - uma absurda e inusitada condição, que eles, aliás, antecipavam ser missão impossível. Mas aconteceu que Martínez ganhou mesmo a Liga das Nações e agora mandantes e mandados terão de esperar por melhor ocasião e melhor pretexto para despedir um seleccionador triunfante e defendido publicamente pelo capitão de equipa, Cristiano Ronaldo - ao contrário de um embaraçado Pedro Proença, que, pese aos posteriores abraços, me pareceu claramente dentro da conspiração. Que isto se faria em benefício de alguém é também evidente. Pense em quem e a quem, neste momento da sua carreira, lhe daria jeito ser seleccionador de Portugal...