Miguel Sousa Tavares
1 Pelo que oiço dizer, a Premier League, o campeonato inglês da primeira divisão, é o preferido de treinadores e jogadores que sonham com altos voos e também dos amantes de futebol. É, sem dúvida, um grande campeonato, insuflado pelos rios de dinheiro que ali são investidos: estádios cheios, público vibrante, jogadores excepcionais, cinco ou seis equipas capazes de lutarem pelo título, fora os outsiders como o surpreendente Leicester, campeão há uns anos atrás. Tudo isso está garantido na Premier League, além de algumas tradições sagradas que servem para lembrar que ali nasceu o jogo do pé e bola, o football. Porém, e não desfazendo, o campeonato que eu acho o melhor e mais entusiasmante do mundo é o espanhol: La Liga. Não fica atrás do inglês em assistências, inclusive na segunda divisão as assistências fazem inveja a quase todos os nossos clube da primeira, e isto porque há um grande bairrismo no futebol espanhol, aumentado pela divisão do país em regiões autónomas. Se em Portugal, verdadeiramente, só há quatro clubes com adeptos ‘exclusivos’ (sendo o quarto o Vitória de Guimarães), pois que toda a gente, mesmo que torça pelo clube da terra, sofre é por um desses quatro, em Espanha não: adeptos de clubes como o Valencia, o Girona, o Betis de Sevilha, a Real Sociedad de San Sebastian, são mesmo e só torcedores destes clubes. Os estádios são soberbos e, quando deixam de o ser ou ficam desactualizados, os clubes seus proprietários não hesitam em fazer novos: assim sucedeu com Real Madrid, Atlético de Madrid ou Atlético de Bilbao e está gora a suceder com o Barcelona, todos desfazendo-se de estádios carregados de história. Mas mesmo na segunda divisão é corrente ver estádios magníficos quase sempre cheios de público.
