Miguel Sousa Tavares
1- Há uma imagem de João Pereira no decurso do Sporting-Arsenal que é particularmente cruel e ilustrativa da posição periclitante em que se encontra o novo treinador dos leões: é quando ele, estatutariamente remetido ao banco de suplentes e não à zona demarcada dos treinadores de campo, se levanta instintivamente para dar instruções aos jogadores e imediatamente é mandado sentar pelo quarto árbitro. Ele senta-se cabisbaixo e ali fica, silencioso e quieto, durante todo o jogo, a assistir ao massacre da equipa. Não sei, francamente, que validade têm e o que acrescentam os cursos de treinador em Portugal e se a exigência do respectivo canudo como condição para ser reconhecido como treinador principal faz sentido ou é uma mera exigência corporativa. Mas sei que ela existe e que é aceite pelos profissionais no activo, pelo que enquanto as regras não forem alteradas todos sabem que são estas que vigoram. E um treinador que não pode dar instruções aos seus jogadores durante o jogo é, fatalmente, um treinador diminuído aos olhos de todos e dos jogadores também.