Miguel Sousa Tavares
O futebol é um jogo simples, que alguns treinadores gostam de complicar. O futebol é um jogo que tem como objectivo principal marcar golos, mas que para alguns treinadores é antes ter posse de bola, mesmo que não se saiba o que fazer com ela. O futebol é um jogo vivo, emocionante, mas que com alguns treinadores se transforma num aborrecimento de morte. O futebol é um jogo em que actuam os onze melhores em cada posição, mas que para alguns treinadores tal não é a regra, antes a obediência a complexas análises técnico-tácticas fora do alcance do comum adepto e capazes, só por si, de justificar os milionários salários que eles recebem. Estou bem consciente desta nossa fraca coragem de crucificar mais facilmente treinadores estrangeiros do que os nacionais. Mas, tendo isso em mente, não posso senão concluir que Roberto Martínez, contrariando as impressões iniciais que havia deixado, pertence à categoria dos treinadores que vêem pouco mas sabem muito, que explicam tudo menos o inexplicável. Perdemos 2-0 com a Geórgia? Óptima preparação para o próximo jogo. Só batemos a Eslovénia nos penáltis? Melhor do que ganhar por 2 ou 3 para elevar o moral para o próximo.