Miguel Sousa Tavares
1. Enquanto Benfica e Sporting, depois de começos periclitantes, parecem agora estabilizados em curva ascendente - sobretudo o Sporting, que perdeu Ugarte mas reforçou-se bem com Hjulmand e o panzer Gyökeres - o FC Porto vai avançando aos tropeções, num percurso dificultado pela ausência na linha de Sérgio Conceição (SC), pela partida de Otávio e pela demora na integração dos reforços. E embora sejam menos os danos pontuais do que a desorganização à vista, percebe-se que nem a equipa nem o seu treinador encontraram ainda um caminho claro e lúcido para as dificuldades que vão enfrentando. E, pelo menos internamente, as coisas não vão ficando melhores com o tempo, antes pelo contrário. Isso ficou perfeitamente claro na Amadora, num jogo que se começou a complicar logo no início com as lesões de Evanilson, acabado de regressar, e a dramática lesão para toda a época de Marcano, que estava a ser o MVP da equipa. Para ajudar à complicação, SC, de volta ao banco, resolveu inovar, fazendo o que nunca tinha feito, que foi experimentar uma defesa com três centrais, prescindindo de João Mário na lateral, e obrigando os extremos de raiz Gonçalo Borges e Galeno a um desgaste absurdo no papel de alas em todo o corredor, assim suprimindo, sobretudo, Galeno da sua função determinante de abre-latas do ataque. Foi uma experiência totalmente falhada e perigosa, salva por uma grande exibição de Pepe e de Varela, por um instante técnico genial de Taremi e, por uma vez, pela atenção do VAR. Mas, de resto, e ao contrário do que disse SC, o FC Porto não dispôs de mais nenhuma oportunidade de golo, nem uma só, e acabou a segunda parte a sofrer pelos três pontos como eu não me lembro de o ter visto em muito tempo. E, igualmente preocupante, com todos, à excepção talvez do fenómeno Pepe, absolutamente de rastos, denunciando uma condição física abaixo dos mínimos normais.