Miguel Sousa Tavares
1- Por dever de ofício, lá vi a final da Taça, acompanhado por um amigo benfiquista que achava, até domingo, que eu dava sorte ao Benfica. Na verdade, isso era tudo o que eu menos desejava, pois que, depois desta terrível época portista, restava a consolação de não ver o Benfica ultrapassar-nos no total de títulos conquistados no futebol: 86 para cada um e 57 para o Sporting. O jogo foi fraco e aborrecido, não obstante o entusiasmo do comentador da Sport TV que garantia que tinha sido um jogo "monumental" e até com um golo (o do Benfica) dos melhores que registaria a história do Jamor. Concordo com Bruno Lage: até ao minuto 99 não existiu Sporting, incapaz de criar uma genuína oportunidade de golo. Mas Bruno Lage não resistiu à tentação de se pôr a defender o 1-0 cedo de mais, tirando os três avançados com que iniciou o jogo e acabando com três trincos, um dos quais, Renato Sanches, deitou tudo a perder quando preferiu derrubar Gyökeres do que ficar a ver no que daria aquela jogada. Provavelmente daria golo, mas as hipóteses sempre eram menores do que um penálti cobrado pelo sueco. O dilema requeria um jogador com inteligência de jogo, coisa que eu não me canso de dizer que é hoje um dos factores determinantes do futebol. Assim, Renato Sanches relançou o Sporting, e o Sporting, adormecido e repousado até então, conseguiu dar a volta ao desfecho.