Nuno Encarnação

Nuno Encarnação
Nuno Encarnação

Gelsenkirchen 2004 – 2018

Hoje faço um exercício diferente. Relembrar o plantel do Porto naquela final da Champions em 2004, que tive a felicidade de assistir ao vivo, comparando-o com a equipa que esteve em campo anteontem. Recordo-me que em 2004, no início da fase de grupos, seria impensável que um Monaco, ou que o repetente Porto de Viena pudessem chegar a esta final. As duas equipas fizeram por a merecer. O Monaco ‘abateu’ clubes como o Chelsea e Real Madrid. O Porto tratou do Manchester United, Lyon e Corunha.

Mas comparemos os plantéis, convoquemos os pessimistas, e vejamos que conclusões podemos tirar. Comparar Baía e Casillas seria injusto. Para além de serem estrelas da mesma constelação, são jogadores de topo mundial. Nuno Valente, Jorge Costa, Ricardo Carvalho e Paulo Ferreira teriam porventura mais organização posicional do que Alex Teles, Militão, Filipe e Maxi. Se em 2004 tínhamos um central que saía bem com a bola (Ricardo Carvalho), hoje temos um Militão com uma velocidade sem precedentes. Paulo Ferreira teria mais pulmão do que Maxi, mas Nuno Valente não assistia com a perfeição de Alex Teles. O meio campo de 2004 era mais de contenção e muito posicional (Costinha, Maniche e Pedro Mendes). O atual mais subido e não tão compacto (Danilo e Herrera). O miolo avançado do terreno tinha um perfume constante (Deco e Carlos Alberto, com Alenitchev a entrar), o atual ainda assenta em brisas intermitentes (Otávio e Brahimi). Na frente havia um Derlei, rápido, com técnica e poder de drible, mas com muito menos físico do que Marega e Aboubakar.

Casillas dizia na antevisão do jogo que sonhava com este Porto Campeão Europeu. Para quem o ouviu sem refletir, diria que estava em delírio, para quem estiver a ler este artigo, poderá concluir que é uma real possibilidade. Mourinho e Conceição têm em comum (nestes dois momentos) a irreverência própria da sua juventude, com uma ligeira vantagem para Mourinho no seu controlo emocional. Ambos têm o dom de levar os jogadores para um patamar acima do que os próprios acreditariam. Em 2004 já existiam Colossos Europeus, jogadores adversários extraterrestres, mas o Porto de sempre nunca se inquietou.

Se eu fosse o Conceição, veria todos os jogos da caminhada de 2004 com redobrada atenção e no fim, seguramente concluíra, que é tão possível erguer aquela taça, tal como em 2004. Força Conceição, faz deste Porto de novo Campeão.

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