Nuno Félix

Nuno Félix
Nuno Félix Scout internacional

Diogo Jota, uma nota pessoal

Hoje não escrevo como cronista. Escrevo como homem, a quem o futebol lhe apresentou boa parte dos milagres da vida, e dos quais também retirei alguns dos momentos de maior felicidade de que tenho memória.

Tive a sorte de me cruzar com o Diogo Jota ainda adolescente, quando despontava na formação do Paços.

Estava, certo dia, creio que a observar um jogo da 2.ª Liga em Penafiel, como scout de primeira equipa num clube de Bundesliga, quando discretamente ouvi nas bancadas comentários sobre um miúdo prodigioso que despontava nos juniores do Paços de Ferreira. 

"Pequenino, endiabrado", diziam. "Faro de golo". "Uma energia tremenda." "Um miúdo que não tem medo de ninguém." Fiquei curioso.

Consultei o telemóvel para ver quando e onde jogavam os juniores do Paços. Era já dali a pouco!

Sem obrigação de o fazer, desviei-me do plano que tinha para o fim de semana de prospecção, e fui ver esse jogo. Apesar de ter saído do estádio antes do jogo terminar, quando cheguei à Capital do Móvel o Diogo já havia marcado um golo. Fiquei frustrado, mas ainda fui a tempo de o ver marcar mais dois. Fez um hat-trick. Era um tubarão num aquário. Apesar de eu apenas trabalhar para a primeira equipa, e de o Diogo ser menor de idade, ficou referenciado de imediato. Daí para a frente acompanhei-o com atenção e vi-o brilhar contra Benfica e FC Porto. Era evidente o que dali se poderia esperar.

Mas o que mais me marcou foi a alegria com que jogava. O prazer que irradiava do seu futebol. A energia que transbordava para as bancadas. 

Mais recentemente, já craque do Liverpool, tive a oportunidade de o conhecer em contexto informal, e confirmei tudo: um rapaz simples, positivo, generoso. Um ser humano raro, com todas as qualidades que desejaríamos ver num filho.

O futebol perdeu um grande jogador. E eu perdi um daqueles que justificam tudo para os ver jogar. 

No final fica sempre, e apenas e só, como os outros nos fizeram sentir, e o Diogo Jota, do início da carreira à sua consagração, só me fez sentir de um modo: feliz!  

Diogo e André, Descansem paz. Foi um caminho curto mas que valeu pela felicidade de milhões de portugueses.

Obrigado por todos os momentos de genuína alegria. 

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