Nuno Félix

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Nuno Félix Scout internacional

Eduardo Quaresma: Rui Jorge podia ter evitado!

A revelação de Rui Jorge sobre a ausência de Eduardo Quaresma no Europeu de Sub-21 é, no mínimo, infeliz. Dizer que o jogador "não se sentia com energia e motivação para ajudar a equipa" pode parecer um exercício de transparência, mas, acima de tudo, mina a sua liderança.

Ter dito em conferência de imprensa coisas como: "A seleção não pode ser apenas para quando dá jeito para assinar um contrato ou para relançar a carreira nos próprios clubes." É daquelas "bocas foleiras" que não estão ao nível de um selecionador nacional.

Num futebol cada vez mais exigente, com calendários sobrecarregados e pressões permanentes, é natural que um jogador, após uma época longa, intensa e de afirmação no campeão nacional, manifeste sinais de saturação física e mental. Quaresma não fugiu a um compromisso. Teve a coragem — ou a honestidade — de reconhecer que não estava nas condições ideais para representar o país ao mais alto nível competitivo. Foi em grande medida, um verdadeiro profissional, pensado para além de um título por seleções que certamente gostaria de conquistar, priorizando a preparação para a próxima temporada e o desenvolvimento da sua jovem mas já profícua carreira.

É precisamente por isso que Rui Jorge deveria ter protegido o jogador em vez de o expor. Um selecionador com mais de uma década de trabalho na formação sabe — ou devia saber — que há formas de comunicar que preservam o coletivo e não fragilizam o indivíduo. Dizer, na praça pública, o que disse sobre um atleta que agora era seu, mas que amanhã pode estar ao serviço da seleção A, é tudo menos pedagógico. É acima de tudo contraproducente, e, atendendo à relevância do tema, foi manifestamente desnecessário.

No futebol as glórias devem ser públicas, mas as críticas, em particular aos seus, devem ficar dentro de casa!

Eduardo Quaresma merecia descrição. E Rui Jorge deveria saber distinguir entre responsabilidade e a exibição de autoridade, que assim que a tornou pública, perdeu-a. Faltou-lhe porventura inteligência emocional no preciso momento, ou então sobrou a vontade de começar a colecionar álibis para infortúnios desportivos que, a acontecerem nesta competição, colocarão o seu lugar em risco perante a nova direção federativa. O futebol português muito deve a Rui Jorge mas "ser da formação" também se vê nestes momentos. E, desta vez, o selecionador falhou o teste.

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