Nuno Félix
Há jogadores que parecem ter nascido com a bola colada ao pé, como se o jogo os reconhecesse antes mesmo de estes saberem andar. Max Dowman, com apenas 15 anos, é um desses prodígios raros. Ainda sem idade legal para conduzir sequer um "mata-velhos", já conduz ataques do Arsenal como se a Premier League fosse o recreio da sua próxima escola. A discussão impõe-se: deve um menor de 16 anos jogar nos seniores?
A prudência recomenda que não. O futebol profissional é um campo de guerra emocional, mediático e físico. Mais ainda em Inglaterra. Um adolescente de 15 anos está em desenvolvimento, tanto no corpo como na cabeça. Deve ser protegido. E há exemplos trágicos de talentos precoces esmagados pela pressão. A idade mínima existe para proteger quem ainda não está pronto para o peso de tamanhos embates e tamanha responsabilidade.
Mas há exceções que confirmam — e justificam — a regra.
Max Dowman não só está pronto, como está a pedir jogo. A maturidade com que se movimenta, a frieza na tomada de decisão, a naturalidade com que rompe defesas feitas de super atletas pagos a peso de ouro, são indícios de um génio que não deve ser travado por uma burocracia cega à sua qualidade individual.
O futebol não pode ficar refém da idade cronológica dos jogadores, nem para definir o início das carreiras e menos ainda para decretar o seu fim. Há jogadores de 25 que ainda jogam como juniores e há miúdos de 15 que já percebem mais do jogo do que veteranos com 400 jogos nas pernas. A chave está no contexto: acompanhamento psicológico, gestão física rigorosa, e um treinador que perceba quando protegê-lo e quando dar-lhe asas. Arteta é esse tutor.
Dowman não é o novo Messi. É o primeiro Max Dowman. E tudo indica que merece o seu lugar entre os grandes — não por ser jovem, mas por ser bom demais para continuar a ser visto com um dos maiores entre os pequenos.