Nuno Félix

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Nuno Félix Scout internacional

O que Mourinho pode aprender com Gonçalo Feio e vencer em Stamford Bridge

A vitória do Legia de Varsóvia em Stamford Bridge, em Abril passado, foi muito mais do que uma nota de rodapé no futebol europeu: foi um manual prático sobre como condicionar o Chelsea no seu próprio terreno. Gonçalo Feio, um jovem treinador português muito talentoso, injustamente desconhecido por cá, com coragem e rigor, mostrou que os londrinos têm pontos fracos que um treinador atento e sagaz como Mourinho pode explorar. E se há alguém capaz de transformar estas lições em trunfos esse alguém é o treinador do Benfica que amanhã regressa a uma casa onde tantas vezes foi feliz.

O segredo começa na gestão das transições. Gonçalo Feio provou que é essencial fechar os espaços e negar ao Chelsea o conforto de ter caminhos abertos para onde correr em posse. Mas quando surgir a oportunidade, o Benfica pressionar alto pode vir a ser a chave do jogo, porque os ingleses são mais fortes em ataque posicional instalado do que sob pressão intensa sobre a sua primeira fase de construção. Sempre que possível, é fundamental condicionar a bola nos 3+2 com que o Chelsea monta na primeira fase de construção.

No primeiro jogo, os polacos travaram a construção em 3-2 e anularam o adversário na primeira parte. Tal foram as dificuldades táticas sentidas na primeira mão que, apesar de terem ganho fora, em Londres, os “blues” alteraram a sua organização tactica para uma saída a 2+2, à qual Gonçalo Feio também soube responder ajustando a pressão: dois homens na frente e um médio a fechar a zona central. Resultado? Chelsea desconfortável, forçado a procurar os extremos em duelos de um contra um com os laterais. Nesses momentos, a cobertura defensiva foi decisiva, assim como a proteção das zonas de finalização, onde Enzo Fernández e até Cucurella aparecem com frequência.

Quando se recupera a bola, a progressão deve ser pelo corredor central, chamando o Chelsea a pressionar para depois explorar o espaço nas costas. Foi assim que nasceu o 0-1 do Legia. E contra uma equipa que marca ao homem, há que usar esse arrastamento: devolver de costas e romper, criar linhas de passe entrelinhas e explorar a profundidade. Nas bolas paradas, o segundo poste é a ferida aberta — de lá veio o 1-2 em Londres.

Mourinho não precisa de aprender com ninguém, mas pode recordar-se, através do exemplo de Gonçalo Feio, que este Chelsea está longe de ser impenetrável. Cabe agora ao “Special One” transformar as fragilidades expostas em armas para que o Benfica saia de Stamford Bridge não apenas de cabeça levantada, mas com uma vitória histórica.

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