Nuno Félix
Portugal é campeão europeu de sub-17 pela terceira vez na sua história, depois dos títulos em 2003 e 2016. Parece que há aqui um ciclo de gerações de ouro a aproximadamente cada 10 anos, o que são excelentes notícias para a necessária contínua renovação da nossa seleção nacional e clubes.
A vitória retumbante sobre a França, foi o culminar de um percurso irrepreensível. O guarda-redes Romário Cunha, herói na baliza, e Rafael Quintas, eleito melhor jogador do torneio, foram dois dos rostos mais visíveis de uma seleção com identidade e ambição.
Sete jogadores desta equipa pertencem ao Benfica, o clube mais representado, reflexo de uma formação consolidada e reconhecida, mas também da qualidade do seu recrutamento, que se reporta ainda à gestão anterior do clube e aos responsáveis do Scouting e da Academia do Seixal que entretanto abandonaram a estrutura da Benfica SAD . Todos os outros "fornecedores de talento" ficaram a certa distância, o Sporting contribuiu com três atletas, o FC Porto com dois, e houve também jogadores do Braga, Vitória SC, Estoril e clubes estrangeiros como o Schalke 04 e a Juventus. É de destacar também a diversidade das origens destes selecionados: dois jogadores nasceram fora de Portugal (um em França e outro nos EUA) e vários cresceram em contextos periféricos ou rurais, como Amareleja ou Almeirim, fora das habituais fontes de recrutamento em que se tornaram as áreas limítrofes das grandes cidades onde estão sediados os principais clubes formadores e as suas academias.
Hélio Sousa, coordenador técnico da formação da Federação, sublinhou que este triunfo “é a prova de que estamos no caminho certo”. Valorizou-se o espírito de grupo: “Fomos consistentes, unidos e demonstrámos maturidade competitiva. Estes jogadores têm um futuro promissor.” Rafael Quintas, o MVP do Europeu, foi direto: “Sabíamos que podíamos ganhar. Trabalhámos para isto todos os dias.”
Sem algumas das maiores estrelas deste escalão que entretanto já foram chamadas para patamares mais altos de desempenho, mais do que um título, esta conquista valida uma geração e reforça a importância do investimento na formação com critério, paciência e visão.
Certifica para além fronteiras e para lá de qualquer dúvida, o modelo de treino português, e o trabalho da FPF nos nossos escalões mais jovens.