O Grande Confinamento tem sido também uma oportunidade para o regresso ao futebol como ficção. De certa forma é um reencontro com a essência da paixão pelo jogo. A ausência de competição tem-nos empurrado para a recuperação nostálgica de partidas antigas, que em boa hora os canais televisivos têm aproveitado para reproduzir. Mesmo quando conhecemos o desfecho de antemão, descobrimos nesses desafios remotos uma forma renovada de ver futebol. Ou porque o jogo era praticado a um ritmo diferente, ou porque redescobrimos um saudável caos tático que já não recordávamos ou, ainda, porque ficamos com a certeza de que a classe é mesmo intemporal e não precisa de capacidade física ou de modernidade tática para se revelar – é discernível ao primeiro toque na bola.