Pedro Bouças
Duas equipas em 442. Porém, a adivinharem-se dinâmicas díspares. Na forma como pressionam / defendem, que determinará e condicionará a forma como ligam os seus ataques.
Jorge Jesus, já se sabe, pretende sempre ser protagonista. Não somente no sentido de delinear uma estratégia bem clara, mas sobretudo pretende que seja a sua equipa a ter o protagonismo do jogo.
Teremos um Sporting definido num 442 losango na hora de pressionar construção (defesas) adversária. Com Bas Dost e Alan Ruiz a encostarem em Luisão e Lindelof, e Adrien a subir para o posicionamento de 10, para não deixar Fejsa receber. Losango fechado com os alas que estarão prontos para fechar o meio e ao mesmo tempo, abrirem passada para ir pressionar laterais adversários se a bola lá entrar.
Perante tal opção de pressing, desde logo se adivinha um jogo em que SL Benfica não pretendendo arriscar qualquer perda no seu meio campo defensivo, venha preparado para jogar longo na primeira fase, à procura de Mitroglou, e caso o grego consiga segurar e manter a bola, iniciar já no meio campo ofensivo a sua fase de construção ou criação ofensiva.
Perante tal opção será decisivo direccionar a primeira bola para o corredor lateral, fazendo Mitroglou cair no espaço predeterminado para a tal saída ofensiva. Direccionar para o corredor central, trará o risco de ver o grego perder sistematicamente para Rúben Semedo e Coates, e obrigar a um jogo com menos paragens, mais rápido e sobretudo com demasiado tempo passado em situação defensiva, sem nunca conseguir descansar com bola.
Se a tendência da partida for a prevista, muito do que pode o Benfica almejar em Alvalade assente na expectativa de uma recuperação alta que possibilite a Rafa conduzir o destino de uma transição rápida.
SL Benfica que nunca envolve três mais adiantados a pressionar a construção adversária. Mantém sempre o seu 442, com linha média a manter o alinhamento dos quatro elementos. Garante maior solidez defensiva numa zona mais recuada, mas não consegue retirar a bola a quem, como o Sporting, tenha coragem para sair a jogar pelo chão desde trás.
Adivinha-se um Sporting estrategicamente a tentar imitar o que foi o Dortmund na partida da Luz. Usar a superioridade (3x2 – Coates, William e Rúben, contra Jonas, Mitroglou) na sua construção para libertar um dos centrais, possibilitando a sua progressão, até atrair alguém da linha média encarnada.
Em suma, da decisão de pressionar com mais ou menos gente sob os defesas adversários, tanto se condiciona em todo um jogo. Maiores possibilidades para uma equipa assumir com bola a partida. Maiores possibilidades para ligar com mais qualidade as suas fases ofensivas. Não se ignorando porém, que qualquer erro em posse poderá ser pago caro quando do outro lado há intervenientes do nível de Rafa Silva.