Pedro Santos Guerreiro
Bom, é claro que aquela expulsão desestruturou a equipa do FC Porto, que até aguentou bem mais de 70 minutos, e drenou a táctica que o treinador desenhara para o jogo. E não houve uma súbita ponta de sorte no bom início de jogo que vitaminasse a equipa para o resto. Mas o espelho reflete a verdade: a Juventus é muito mais forte do que o FC Porto. Como o Dortmund também é muito mais potente que o Benfica, que só por um cruzamento astral de sorte, uma supernoite do guarda-redes e desinspiração do outro lado ganhou como ganhou na primeira mão. Falta a segunda…
Este desnível não é em particular entre estas duas equipas portuguesas e os seus adversários na Champions. É entre o nosso campeonato e o dos outros. O futebol português está acossado por dívidas e tem uma capacidade de gerar receitas nas competições nacionais e nos patrocínios incomparavelmente menor. As receitas com vendas de jogadores da formação são fabulosas, mas até isso significa ‘vender’ o seu futuro no futuro das equipas nacionais.
Este desnível faz com que as equipas portuguesas não consigam ter hoje as superestrelas em ascensão que tinham há não muitos anos. O negócio do futebol mudou muito, cristalizando uma espécie de primeira divisão europeia em orçamentos e plantéis a que não conseguimos aspirar. É um comboio a duas velocidades e nós vamos no mais lento, mesmo que num jogo ou noutro aceleremos surpreendentemente. Oxalá aceleremos muitas vezes. Mas, a este nível, já é fazer milagres.