Ainda nos deve o futebol?

Pedri é um tipo simples. Fica-se por um discreto degradê como penteado, tem ar de quem cumprimenta a vizinha mais chata pela manhã e já aconteceu chegar ao centro de estágios, à boleia de um qualquer taxista catalão, com as chuteiras e afins metidas num saco de plástico. E Pedri é, ao mesmo tempo, um tipo muito completo. Lembra-nos disso, em média, a cada três dias. Tanto quando está em campo, como quando não está.

Um culé não ousará dizer 'lesão' e 'Pedri' na mesma frase sem bater na madeira. Um problema físico do médio será o maior dos pesadelos para qualquer adepto do Barcelona. O miúdo, que infortunadamente quase todas as épocas sofre com problemas musculares, enche o campo. É sempre dos que mais quilómetros percorre, é dos que lê o jogo e simplifica-o, é daqueles que, com a sua subtileza, sabe dar à equipa o que ela precisa. A complexidade de Pedri deve-se muito, também, as estas simplicidades.

É a prova viva de que sem grandes manias ou tiques de estrela consegue-se ser um dos melhores futebolistas da atualidade. Eu cá sempre fui a favor das pequenas coisas: por exemplo, cheguei a acreditar que saber os rios de Portugal ou não precisar de espreitar a tabuada do Ratinho faria de mim uma miúda mais respeitada. Pedri, este tipo simples mas completo, faz-me crer, com ou sem a minha modéstia, que o futebol já não nos deve nada. Nem sequer ao maior amante de Iniesta.

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