Rui Calafate
É penoso de ver um homem que não compreende o seu destino a ser tecido, com as subtilezas e sortilégios típicos do futebol, suavemente, cinicamente, a caminho de um abismo do qual não pode escapar. Já nem o espelho para que olha todas as manhãs quando faz a barba acredita que ele tem futuro no Benfica. Se o espelho, ao fim e ao cabo seu amigo fiel que lhe dá a imagem de quem ele é realmente, pudesse falar, aconselhava-o: «Rui, sai enquanto é tempo, vai ganhar dinheiro para a Arábia Saudita, não manches os títulos que conquistaste, não há "luzinha" nenhuma vista à noite que te salve, deixa com a tua honra intacta, sai pelo teu pé, com a mesma dignidade com que entraste quando vieste de Guimarães». Mas não. Rui Vitória entende que é um sinal de coragem prosseguir a delapidação do minguante capital de confiança, como se de uma nova sra. Amélia Rey Colaço se tratasse e teatralmente exclamasse: «as árvores morrem de pé».