Rui Calafate
Bruno Fernandes não merecia que o Sporting saísse eliminado de uma eliminatória que Marcel Keizer perdeu com exibição horrível na primeira mão em casa. Tem sido ele o abono de família, com o seu talento excepcional, de uma equipa curta, mediana e muitas vezes medíocre. Ontem, com o Villareal, o seu golo ainda deu uma esperança aos sportinguistas numa exibição pálida e onde os verde e brancos não mostraram o futebol dominador que deviam exibir para passar à próxima eliminatória. Cai assim por terra mais uma hipótese de conquista de troféus, uma oportunidade para arrecadar euros que o emblema tanto necessita – e era bom que Frederico Varandas na conferência de imprensa falasse verdade aos sócios sobre o real estado financeiro sem promessas miríficas nem palavrinhas de algodão doce, recordando que em campanha garantiu que não havia problemas de tesouraria e tinha soluções se os pedregulhos aparecessem – e voltam os leões ao habitual. O 8 e o 80. Da depressão dos lenços brancos ao clímax da vitória categórica sobre o Braga e agora de novo mais um mergulho num buraco negro que não contribui para a pacificação e estabilidade. Sobressai uma enorme intranquilidade sobre a capacidade de um treinador que ninguém conhecia e crescem sinais que reforçam a ausência de empatia entre os adeptos e o seu presidente que não consegue criar uma atmosfera de optimismo por evidentes debilidades comunicacionais. O Sporting atravessa fase complicada, teremos de aguardar para compreender se há arte e engenho para ultrapassar este ciclo. Se tal não acontecer, entrará num caminho do Minotauro, um labirinto de muito difícil saída.