Rui Calafate
Um pirata é quem de forma individual ou em grupo procede a pilhagens e saques. Ora, esse corsário é um fora-da-lei, que ninguém tenha dúvidas sobre isso. Agora, eu, enquanto consultor de comunicação, gosto de observar a construção das narrativas que colegas meus desenvolvem no seu trabalho. Tenho de dizer que a contra-ofensiva por parte de quem trabalha com o Benfica é interessante a propósito da detenção de Rui Pinto. Alegadamente, este pirata informático assaltou a confidencialidade do clube da Luz, mas também do Porto, Sporting, Gestifute, Doyen e grandes escritórios de advogados, logo, não é líquido quem beneficiou com tanto caudal de informação. Não sei, portanto, se foi de livre iniciativa, como um Robin dos Bosques que quis apurar o que se passa nos meandros do futebol e expor tudo a quem se preocupa com a verdade desportiva que actuou, ou se alguém, a mão escondida por trás do arbusto, lhe pagou para obter informação privilegiada que é usada na arena mediática nos combates que, nos dias de hoje, se sobrepõem ao que verdadeiramente interessa: a luta na relva. No entanto, para lá de tudo isto, há algo que conta. 1- Os mails foram rapinados de maneira ilícita? Concordamos. 2- Os mails eram falsos? Não. Era tudo verdadeiro e aqui é que a porca torce o rabo. Todos os fundamentos para uma série de suspeitas que gravitam no futebol português estão de pé, porque são verídicos e estão alicerçados em autenticidade. Logo, sugiro ao presidente do Benfica que não se resguarde nesta manobra de comunicação das suas tropas e que volte a contratar mais um trio de advogados de luxo, pois tem muito caminho a percorrer nos tribunais.