Rui Dias
Ser defesa é uma escolha difícil, principalmente nos tempos de infância e adolescência, quando a bola desperta a ilusão de uma glória feita de habilidade, fintas, remates, golos e aclamação generalizada. A opção é individual, pelo reconhecimento de que falta talento para ser grande pelas vias mais habituais, ou imposta por outrem, que define à partida parâmetros de crescimento mais modestos. O defesa existe, em primeira análise, para não deixar os outros brilhar; para alimentar conceitos de eficácia e não de criatividade associada ao trato da bola; desenvolver a paixão e tirar o prazer possível introduzindo grãos de areia nos mecanismos adversários para emperrar a máxima expressão da sua qualidade.