Rui Malheiro
1] Roger Schmidt espantou tudo e todos ao asseverar numa mudança estrutural em Arouca, renunciando ao irrefutável 4x4x2 para apostar num original 3x4x2x1, que só havia experienciado, de forma pontual, nos chineses do Beijing Guoan. Era essencial para o pouco flexível teutónico expor, face aos desempenhos soporíferos e resultados desoladores que antecederam o debute na Taça da Liga, essa abertura para o metamorfismo como resposta à deterioração da qualidade de jogo e às insuficiências cada vez mais evidentes de um modelo de jogo estagnado. Algo que o Casa Pia, após o chocolate basco dado pela Real Sociedad em plena Luz, soube perscrutar, com mérito incontestável de Filipe Martins. Isto porque os gansos não se inibiram de ligar jogo desde trás, destapando as insuficiências da primeira fase de pressão das águias, inábil a condicionar a primeira fase de construção rival, e topando espaços letais no corredor esquerdo do Benfica, bem sondados por um empertigado Jajá e pela profundidade dada por Larrazabal, como também se manifestaram audazes e argutos a desenharem as zonas de pressão. Ora com um posicionamento mais alto, que tornou mais árduas as conexões de uma equipa muito desenlaçada, ora com um posicionamento mais baixo, cerrando o corredor central do antagonista, obrigado a buscar o jogo exterior – com muitas sobreposições à direita, e inexistente à esquerda – para procurar chegar a zonas de finalização, onde se denotava uma lancinante falta de presença.