Rui Malheiro
1] Sem fintas e sem subterfúgios, Rúben Amorim, com a sagacidade e a ferocidade comunicacional que lhe são profusamente reconhecidas e enaltecidas, não metamorfoseou a contratação de Slimani numa matéria tabu, conferindo-lhe, nas duas últimas conferências de imprensa pré-jogo, dados sumarentos e inabituais na análise de um reforço por parte de um treinador, ao ponto de se não inibir a efetuar autocrítica. Todos tínhamos percebido que, no passado, o treinador do Sporting declinara o regresso do ponta-de-lança argelino, por não se emoldurar no perfil de reforço para o futuro que defende para o seu projecto nos leões. Um aspecto que também serviu para tonificar a fidúcia em Paulinho – o avançado associativo que definiu, dentro do modelo de jogo que perfilha, como referência, levando o Sporting a investir, a 31 de janeiro de 2021, 16 milhões de euros por 70% do seu passe, e que não se cansa de exaltar, considerando-o publicamente, por mais do que uma vez, o melhor português na sua posição – e em Tiago Tomás, que, por ser refém do assalto à profundidade para ser acutilante no assalto ao último terço e menos dado a estabelecer ligações através do passe, foi perdendo espaço como alternativa, e até passou a ser mais utilizado a partir do banco como um dos apoios ao avançado, abrindo campo à utilização de Tabata ou de Sarabia como falsas referências ofensivas. Ficamos a perceber, pela comunicação de Rúben Amorim para o exterior, que o progresso do exercício levou-o a mudar de ideias, fazendo dissipar a hipotética tese de uma imposição presidencial que nunca anuiria.
