Rui Malheiro
1] A tormentosa perda de oito pontos no campeonato não metamorfoseou Rúben Amorim num treinador conjeturável e pejado de limitações, como se ouviu e leu de um conjunto de críticos que mareia ao sabor dos resultados. Foi, acima de tudo, o espelho de um início de estação pungente, marcado pelas deslocações a Braga e ao Dragão, a que se juntou uma paupérrima etapa complementar ante o Chaves, em que a pressa em lançar, a meia-hora do fim, o plano C(oates-a-ponta-de-lança) achavascou as ações de construção e de criação leoninas, circundadas a bater bolas de qualquer lado em busca do jogo aéreo do uruguaio. O que redundou numa quase ausência de ocasiões de golo. Acrescenta-se, com igual onerosidade, a necessidade de reinvenção de um onze inevitavelmente depauperado com as saídas do nuclear Matheus Nunes – principal figura leonina nas duas primeiras rondas da Liga pela acutilância com que quebra linhas e supera rivais em condução –, de Palhinha, um infatigável ladrão de bolas, e, principalmente, de Sarabia, unidade móvel de ataque capaz de desatar nós intrincados, como atesta o retumbante registo de 21 golos e 10 assistências em 45 jogos em 2021/22, além do valioso jóquer Tabata, um multifunções para Amorim. O que gerou uma indeclinável volubilidade nos processos defensivo e ofensivo da formação de Alvalade, a carecerem de maturação com a introdução lenta de novos atores.