Opinião
O jogo entre FC Porto e Palmeiras, realizado no dia 15 de junho de 2025, foi o embate inaugural da equipa de Martín Anselmi na Mundial de Clubes, disputado em Nova Jérsia no MetLife Stadium. Este jogo marcou o primeiro encontro oficial do Grupo A entre as duas equipas, e foi importante para as aspirações de ambas as equipas na competição.
O FC Porto, comandado por Martín Anselmi, optou por um sistema tático inicial de Gr+3+4+3, destacando-se no compito geral do jogo em momento defensivo pela compactação defensiva e disciplina tática. Neste sentido, a equipa portista mostrou uma reação típica de quem está desgastado física e mentalmente de uma época desportiva longa. Assim, torna-se importante salientar as semelhanças no sistema tático inicial de ambas as equipas.
Organização ofensiva - 1.ª Fase de Construção
Em momento de organização ofensiva, mais particularmente na 1.ª etapa de construção, a equipa do FC Porto protagonizou, maioritariamente, saídas curtas de posicionamento 4+1 pelos defesas-centrais (Marcano e Zé Pedro), com F. Moura e Martim Fernandes baixos no terreno a oferecer a largura. Além disso, João Mário posicionava-se também à largura para oferecer superioridade numérica para combinações e velocidade nesse momento próximo de Martim Fernandes. Neste sentido, o meio-campo atuou num subsistema de 1+2, sendo que Alan Varela atuava à frente da linha defensiva em mobilidade interior na procura de linhas de passe com o auxílio de Rodrigo Mora e Fábio Vieira entrelinhas e em mobilidade.
Desta forma, com o posicionamento baixo dos laterais, a dinâmica incidia em ligar de DC + lateral e rapidamente procurar os médios em zona de corredor central, nomeadamente Alan Varela e Rodrigo Mora. Assim, sempre que as ligações interiores com R. Mora funcionavam, o criativo da equipa procurava acelerar o jogo interior e tentar procurar o homem do corredor contrário, sendo uma das dinâmicas na fase de criação. Por vezes, e sob pressão alta do Palmeiras, os azuis e brancos procuravam como alternativa a saída longa sendo o PL, Samu, a referência devido às suas características físicas para ganhar duelos, com os médios preparados para as 2.ªs bolas. Porém, foram observados bastantes passes errados em zona de construção, permitindo perigo constante para a baliza dos dragões, quer através de Alan Varela, quer através dos centrais, tornando Cláudio Ramos destaque em lances defensivos. Assim, torna-se também importante salientar outra dinâmica, nomeadamente a de procurar atrair com 2 jogadores no corredor central com mobilidade, obrigando a equipa do Palmeiras a pressionar em bloco-alto com o intuito de libertar espaço nas costas da linha média para Samu baixar no terreno.
Organização Ofensiva - Fase de Criação
Em momento de organização ofensiva, particularmente em Criação e Finalização, a equipa do FC Porto procurou combinações com a movimentação do PL, Samu, a baixar no terreno e a procurar o apoio frontal de Fábio Vieira, que através da sua qualidade técnica e leitura de jogo tentou explorar os corredores através da velocidade de João Mário e também Francisco Moura. Esta dinâmica de exploração do corredor através de João Mário era dada devido a Martín Anselmi atuar com Martim Fernandes como 3.º central. No entanto, existiu alguma troca posicional entre Martim Fernandes e João Mário, com combinações de jogo exterior e interior de forma a ocorrer acelerações com bola pelo corredor central e chegadas a zonas de finalização através de cruzamentos.
Posto isto, as dinâmicas incidiam também na insistência da progressão com bola pelo corredor central, com a presença de mais 4 jogadores em zonas de finalização, designadamente o lateral em largura e os elementos mais avançados, Mora, Samu, Gabri Veiga e Fábio Vieira. Porém, a equipa azul e branca, sempre que conseguiu instalar-se no meio-campo ofensivo, atuava sob uma construção a 3 com 2 DC + 1 lateral (Martim Fernandes), sendo a largura dada pelos laterais, João Mário e Francisco Moura, mais projetados e oferecendo profundidade. Deste modo, observa-se todos os restantes jogadores em posicionamento dentro do bloco e entrelinhas, com Alan Varela a procurar baixar no campo para assumir a construção e, ainda com Mora, Gabri Veiga, Fábio Vieira a explorar a mobilidade e Samu a fixar a linha defensiva adversária para dar liberdade posicional às restantes entrelinhas.
Organização ofensiva - Fase de Finalização
Em Fase de Finalização, as dinâmicas incidiam também na insistência da progressão com bola pelo corredor central com a presença de mais 4 jogadores em chegada a zonas de finalização, designadamente o lateral em largura e os elementos mais avançados, Mora, Samu, Gabri Veiga e Fábio Vieira. Embora, por vezes, ocorresse a chegada com menos jogadores a zonas de finalização, tendo sido um momento de menor exploração por parte da equipa portista.
Organização Defensiva - Bloco Médio
Em momento de organização Defensiva, a equipa atuou com maior regularidade num bloco médio num sistema tático de 5+3+2 com a dinâmica defensiva de 4+4+2, com João Mário a saltar na pressão do Palmeiras, originando a formação. No entanto, verificaram-se momentos de bloco-alto com a pressão a ser orientada de dentro para fora, para obrigar o condicionamento e pressão aos corredores laterais, mas também a marcação homem a homem no meio-campo para não permitir tempo e espaço aos jogadores do Palmeiras. Posto isto, Samu e Rodrigo Mora posicionavam-se como os homens da 1.ª linha de pressão, procurando realizar pressão passiva para condicionar o fecho do corredor central e as ligações interiores, incidindo na pressão aos defesas-centrais. Neste sentido, meio-campo defensivo com Alan Varela + Gabri Veiga + Fábio Vieira e os laterais sempre ativos e disponíveis para saltar na pressão e obrigar os adversários a jogar em passe recuado. Por outro lado, sempre que recuava para bloco-baixo, a linha defensiva estava formada por 5 elementos (3DC + 2 laterais) e com os médios, Alan Varela e Fábio Vieira, bastante próximos de forma a compactar as linhas e o seu espaço.
Neste caso, salientar o posicionamento dentro de área, bem como a disponibilidade e o compromisso de solidariedade nas entradas a zonas de finalização por parte do Palmeiras. Assim, a equipa comandada por Martín Anselmi deteve bastante concentração e compromisso defensivo ao longo do jogo a tornar-se visível a solidariedade defensiva mesmo em momentos de bloco-baixo. Neste sentido, observou-se um bloco bastante compacto com solidez defensiva, com Alan Varela a servir de equilíbrio defensivo com uma excelente exibição nas coberturas defensivas e compensações, mas também realçar a capacidade de encurtamento e antecipação da linha defensiva para eliminar a circulação de bola do Palmeiras.
Transição Ofensiva
Em momento de Transição Ofensiva, os comandados de Martín Anselmi tinham o PL, Samu, como referência de apoio frontal e a baixar entrelinhas, bem como a sua mobilidade para os corredores de forma a segurar a bola de costas para permitir a chegada rápida de colegas. No entanto, foi um momento do jogo que o FC Porto mostrou dificuldades devido a deter pouca velocidade. Estas saídas para transição eram originadas através de recuperações altas em alguns momentos do jogo, aliadas a combinações e propostas pelos elementos mais técnicos da equipa, tais como Rodrigo Mora e Fábio Vieira de forma a explorar o espaço nos corredores laterais através da largura de Francisco Moura e João Mário. De facto, os momentos de maior perigo ocorreram devido a recuperações altas do FC Porto e combinações em transição ofensiva com Rodrigo Mora, através da sua qualidade técnica e remate. Deste modo, o objetivo do FC Porto era absorver a pressão adversária e explorar as saídas rápidas com transições.
Transição Defensiva
Em momento de Transição Defensiva, os azuis e brancos procuravam condicionar o adversário com uma rápida e forte reação à perda da bola, de forma a fazer recuar o Palmeiras e conseguir reagrupar a equipa de forma rápida. Neste momento, as capacidades de Alan Varela foram fundamentais para serem realizados desarmes, coberturas defensivas e interseções, obrigando o Palmeiras a orientar-se para trás e para os corredores. Porém, a equipa portista deteve algumas dificuldades devido à velocidade imposta pelo Palmeiras, mas também devido ao espaço permitido nas costas dos laterais e da linha defensiva, sendo aproveitados por movimentações de ruturas adversárias. Desta forma, sempre que recuava para bloco-baixo, a linha defensiva estava formada por 5 elementos (3DC + 2 laterais) e com os médios, Alan Varela e Fábio Vieira, bastante próximos de forma a compactar as linhas e o seu espaço. Neste caso, salientar o posicionamento dentro da área, bem como a disponibilidade e compromisso de solidariedade nas entradas a zonas de finalização do Palmeiras
Esquemas Táticos Ofensivos
Por último, torna-se importante salientar que os esquemas táticos ofensivos, englobando livres e cantos, foram os momentos de maior perigo na baliza do Palmeiras. Assim, em livres laterais, o FC Porto colocava dois homens perto da bola de forma a confundir o adversário no batimento aberto ou fechado com movimentações do 2.º para o 1.º poste de forma aos elementos referência, nomeadamente os defesas-centrais, conseguirem atacarem a bola com tempo e espaço. No entanto, os azuis e brancos posicionavam 2 elementos na entrada da área de forma a equilibrar a equipa, mas também como preparação para as 2ªs bolas e para anular uma possível transição ofensiva do adversário.
Esquemas táticos defensivos
Por outro lado, em esquemas táticos defensivos, particularmente nos cantos, os portistas posicionavam-se em marcação mista com 8/9 jogadores dentro de área, sendo que 3 deles estavam responsáveis pela marcação individual do Palmeiras. Além disso, mencionar também o posicionamento de 5 jogadores na marcação à zona, bem como 3 jogadores na marcação homem a homem. Neste caso, torna-se importante mencionar que se posicionavam 2 jogadores para as 2.ªs bolas e também para a possibilidade de transição ofensiva pela parte do FC Porto.