Opinião

Figura da semana: Vítor Norte

- Você, ultimamente, tem estado em todas... Parece o Jardel...

- De há muitos anos para cá que tenho feito sempre cinema, e muitos filmes. Agora talvez sejam é mais publicitados. Mas eu tenho feito praticamente o mesmo número de filmes todos os anos. Tenho feito muitas coisas, mas só agora é que as pessoas falam. Talvez seja a SIC. Eles têm um gabinete de promoção a sério, não é como as outras televisões, onde as pessoas fazem as coisas e depois dá a horas que ninguém vê. O da RTP é uma anedota. Para toda a gente que trabalha em televisão foi muito benéfico o aparecimento da SIC.

- Há até quem diga que assinou um contrato vitalício com a SIC...

- Dos dez telefilmes da SIC, só fiz dois: “Mustang” e “Monsanto”. Mas andam a dizer que eu faço todos. Há pessoas e grupos por aí a quem faz muita impressão que as pessoas sejam faladas, não serem só eles a ter destaque. Normalmente são as pessoas que aparecem todo o ano, em tudo o que é publicidade, o que é série, que aparecem todos os dias há muitos anos para cá que se empolam um bocado porque de dez telefilmes eu fiz dois. E estou na série “Capitão Roby”, é verdade, que é uma coisa diferente.

- Falhou o “Lampião da Estrela”. Por ser sportinguista?...

- “O Lampião da Estrela” mesmo que me convidassem não faria. Não gostei da temática. Aliás, quando vi não gostei. Acho que o filme está mal feito. Eu prefiro bons trabalhos, e bons argumentos, sejam comédias ou dramas. Com este fiquei muito desiludido. Acho que aquilo não tem interesse nenhum. Pelo menos a mim não me divertiu. Falo como espectador. Se calhar houve quem gostasse, eu não. Ainda bem que não entrei...

- Nem todos se podem dar ao luxo de escolher o que querem fazer...

- Sempre escolhi aquilo que faço, de há muitos anos para cá. Há muitas séries, nas quais se vê sempre as mesmas pessoas a rodar, e é raro entrar num trabalho desses. Tenho muito cuidado com as coisas que faço. É um privilégio que já possuo.

- Este ano também fez o “Jaime”, do António Pedro Vasconcelos. Um filme de um benfiquista, sobre o Porto. Provocavam-no...

- Na rodagem do “Jaime” só raramente falávamos de futebol. O António Pedro é um homem maravilhoso, além de ser benfiquista. Eu gosto dos benfiquistas. Não sou ferrenho.

- Mas o título do Sporting mexeu consigo...

- Senti-me feliz. Andei aí com bandeiras, na rua, a gritar com os outros sportinguistas. De cachecol, com a minha mulher e os meus filhos. Raramente vou ao futebol, talvez tenha ido três ou quatro vezes na minha vida, mas não deixei de vir para a rua como sportinguista que sou. Desde miúdo. Já o meu pai era e os meus filhos também o são. Aliás, já fui sócio do Sporting, mas deixei de ser porque deixaram de ir cobrar as quotas a casa. E, depois, era uma maçada. Se calhar agora vou ser sócio efectivo outra vez.

- Finalmente o “ano do leão”...

- Ficou atravessada aquela final da Taça. Prefiro chamar-lhe o rejuvenescimento do leão. Já não vamos ser apelidados dos perdedores de 18 anos, mas os vencedores dos próximos 18!... O Sporting ficou psicologicamente em alta, passou a malapata e o futuro é nosso.

- Como é que acompanhou a época, uma vez que diz que não vai ao estádio?

- Acompanho na televisão. Gosto de ver jogos, sobretudo quando são importantes e tenho disponibilidade. E, depois, faço comentários com os meus amigos. Isto apesar de o futebol não ser o meu desporto preferido.

- Que é?...

- Faço karting. E fiz boxe no Sporting há muitos anos. Tinha vinte e tal, foi para preparar uma novela, a “Vila Faia”, depois ficou-me o gosto e estive mesmo para ir aos campeonatos nacionais, mas como cá não se fazem muitos filmes de terror acabei por desistir. Também fiz atletismo, ia sozinho para o Estádio Universitário e todos os dias, ao longo de dois anos, fazia cinco quilómetros em pista. Tenho de correr por causa dos joelhos, que com a dança ficaram muito abalados.

- O karting serve para aliviar a adrenalina?

- Sempre tive a mania das motos. Estive este fim-de-semana no Estoril a ver a prova do Mundial de Resistência. Acompanhei os campeonatos nacionais e mesmo internacionais. Vou às boxes, converso com os pilotos que são meus amigos. O karting é o prolongamento disso. Tenho o meu carrinho de corrida, é pequenino, mas para mim chega. Com a idade que tenho ainda dou luta aos jovens. Tenho uma paixão pela velocidade, quer motos quer carros, e tenho muita pena que Portugal tenha perdido, vergonhosamente, a Fórmula 1, que era um pólo de interesse turístico e desportivo. Espero que regresse daqui a dois ou três anos.

- Já disse que os seus filhos também são sportinguistas. Passou-lhes a paixão clubística. E quanto ao gosto pela arte de representar?

- Completamente. O mais miúdo já fez um telefilme francês e agora entrou numa curta-metragem. A minha mulher [Carla Luppi, actriz e directora de crianças] é que acompanha os miúdos, quer a Sara, que fez quinze anos, quer o Diogo, que tem dez. Nunca apliquei a máxima de que “filho de peixe sabe nadar”, mas a Sara desde miúda que tem uma grande apetência por estas coisas, sempre gostou de representar, as multidões, estar à frente das pessoas, fascinava-a. O miúdo foi na onda e acho que também tem jeito. A Sara é um talento confirmado. O Diogo logo se vê, para ele ainda é uma brincadeira.

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